Opinião

A Gratidão e a Juventude

Volto ao tema das listas que se apresentam às próximas eleições legislativas nacionais porque me parece de primordial importância reflectir antes de votar. Já sublinhei o interesse da renovação que o Partido Socialista introduziu na sua lista. Porém, permito-me clarificar que tal renovação, saudável em democracia, está assente, como sempre deve estar, nos relevantes serviços prestados pelos deputados que agora terminam a sua missão. Sim, disse bem: missão. É tempo de o eleitor compreender que a política é uma missão – nobre – ao serviço do bem colectivo. Há por aí muita confusão (lançada propositadamente) para denegrir a política e os seus protagonistas e para apresentá-los como indigentes intelectuais, inactivos no exercício das suas funções, oportunistas sem princípios. Nada mais distante da realidade. A maior parte do trabalho de deputado, cuja visibilidade não é exuberante, pauta-se pela actuação discreta, pelo silêncio reservado que alguns assuntos merecem, pela tenacidade e pela resiliência, e é sempre (as excepções só confirmam a regra!) orientado por princípios éticos e morais de serviço à causa pública. Mas a este assunto voltarei noutra oportunidade. O que gostaria de salientar hoje é a honrosa colaboração que os deputados que cessam funções, Luís Fagundes Duarte e Luísa Santos, deram à democracia e à Região. O exercício rigoroso, digno e enriquecedor como deputado e como presidente da Comissão de Educação de Fagundes Duarte (longo ainda noutras funções de director regional da Cultura) e as suas qualidades de docente, de investigador e de intelectual conhecidas e reconhecidas não apenas no meio académico e na área da comunicação social, mas no país literário e no eleitorado atento, merecem de nós hoje um testemunho de apreço e um justo tributo ao seu inestimável contributo para a dignidade do nosso país. A nossa deputada Luísa Santos, cujo tempo parlamentar não lhe permitiu revelar todas as suas capacidades de intervenção, mas que os Açores bem conhecem pela acção pioneira, convicta e tenaz desenvolvida no desporto e na docência (perguntem às gerações dos vinte e dos trinta quem não a conhece) merece também o nosso reconhecimento publicamente expresso pela seriedade, extraordinária dedicação e fecundo desempenho com que assumiu as suas funções na Assembleia da República. A este registo de gratidão por terem desempenhado como devem ser desempenhadas as nobres funções da política e que contraria uma tese incorrecta mas com um número considerável de adeptos de que em política só há ingratidão, junto o registo com que iniciei esta breve reflexão fundada na renovação das listas. No último artigo destaquei alguns elementos curriculares que me pareceram mais salientes na biografia de Carlos Enes. Neste, permito-me salientar as qualidades da candidata Vera Lacerda, cujos trinta anos não permitem ainda um longo percurso de actividade, mas prometem grande criatividade, inovação, competência, capacidade de trabalho, entrega e dignificação das funções parlamentares. Vera Lacerda é juventude. E já todos percebemos que é inútil andar a falar da esperança que a juventude representa para os Açores se não lhe dermos oportunidades e responsabilidades. Vera Lacerda é a lufada de ar fresco que a Assembleia da República precisa neste exacto momento, mas é também uma trabalhadora de mérito e uma cumpridora exímia das funções que lhe são cometidas – quaisquer que sejam. Temos, pois, razões, para confiar e para votar.