Opinião

Por um prato de lentilhas

Por acção do PSD de Passos Coelho e Berta Cabral, o país vai de novo a votos no próximo dia 5 de Junho. Tal inesperado evento, como é óbvio, está a mobilizar todas as forças políticas quer a nível nacional quer a nível regional. O Partido Socialista nos Açores já terminou o processo de escolha de candidatos, dando um excelente exemplo ao apresentar aos açorianos uma lista com uma renovação de 90%, face à submetida a sufrágio nas últimas eleições legislativas nacionais. Na prossecução da inovação de há muito iniciada no PS, foi decidido em sede de Comissão Regional, apenas manter o Deputado Ricardo Rodrigues, como cabeça de lista. Face à sua competência, dedicação e determinação na defesa dos interesses dos Açores no hemiciclo de São Bento, adquiriu um estatuto invejável no seio do parlamento, desempenhando com evidente competência e eficácia as funções de vice-presidente do Grupo Parlamentar Socialista. Como disse Carlos César, cabe ao partido no poder proceder de forma continuada a uma renovação de quadros e protagonistas políticos, proporcionando aos mais jovens e dotados das maiores competências o assumir de responsabilidades em todos os níveis de poder. Assim tem acontecido nas Autarquias, no Governo da Região e nas Assembleias Regional e da República. Se não formos capazes de permanentemente inovar as políticas e de nos renovarmos, certamente o povo promoverá essa renovação elegendo outras forças partidárias para tomar conta dos destinos comuns da população. A lista de candidatos socialistas é uma fonte de orgulho para os açorianos quer pela qualidade das personagens que a compõem, quer pela diversidade de formações académicas que possuem, quer pelas diferenças etárias, quer pela representação das mulheres. Quanto ao PSD nos Açores, apenas se sabe que Mota Amaral se prepara para regressar à Assembleia da República, eventualmente para ocupar uma cadeira na última fila do hemiciclo, tal como aconteceu na legislatura ora finda. Mota Amaral, que tendo começado a vida política como deputado nacional no anterior regime salazarista e exercido as funções de Presidente do Governo dos Açores e sido posteriormente detentor do cargo de Presidente da Assembleia da República – segunda figura do Estado – foi ultrapassado por Fernando Nobre, candidato derrotado por Cavaco Silva à Presidência da República, tendo como pressuposto de que, se eventualmente o PSD viesse a ganhar as eleições, viria a exercer o cargo de Presidente da Assembleia. Para qualquer cidadão é difícil entender quer a posição de Passos Coelho ao convidar o opositor de Cavaco, Fernando Nobre, quer a do Presidente da AMI ao aceitar o convite laranja. Para Passos Coelho, tratar-se-á apenas o resultado de um exercício matemático ao melhor estilo do aluno cábula da quarta classe: - Se Nobre teve 600.000 votos como candidato à Presidência da República, quem nele votou, agora iria votar no PSD e seria uma mais-valia para o partido! Puro engano! Basta consultar as declarações de ex-apoiantes de Nobre nas redes sociais ou a de alguns destacados militantes sociais-democratas, para entender que o impreparado Passos Coelho deu mais um certeiro tiro no pé! A atitude de Fernando Nobre ao aceitar encabeçar a lista laranja por Lisboa é, no mínimo, um verdadeiro desastre! O homem já foi mandatário do Bloco de Esquerda, apresentou-se como livre e independente aos portugueses para exercer o mais alto cargo da Nação, jurou que nunca aceitaria cargos políticos… mas, à primeira… não resistiu e trocou a honra e a palavra por um prato de lentilhas… Por este andar, a coisa promete!