Opinião

Apenas e só cumprir os Açores

A Autonomia não é um exclusivo genético de nenhuma força política nos Açores. Apesar disso há sempre, aqui e ali, visões distintas sobre a evolução do regime autonómico, bem como do seu desenvolvimento. Essas visões, quando concretas e não expostas como qualquer “síndrome de pater familias”, são sempre bem-vindas. A Autonomia não é uma obra acabada. É por isso importante que as forças políticas açorianas falem a uma só voz numa matéria que é fundamental para a vida quotidiana regional. Ora, independentemente do combate político normal e saudável em democracia, exige-se dos responsáveis políticos açorianos que coloquem o interesse dos Açores acima de qualquer desígnio partidário. Isto significa que a Autonomia dos Açores, enquadrada agora na discussão da Revisão Constitucional, não pode ser terreno fértil para uma contínua política de antagonismos e rivalidades. Há matérias essenciais que não podem servir de pano de fundo para a luta partidária. Esta, seguramente, é uma delas. É fundamental que os partidos políticos – especialmente aqueles com maior representatividade e responsabilidade -, sejam capazes de entender-se quanto ao modelo funcional do regime autonómico. Ninguém pode demitir-se deste debate ou, pior, fazer birra e fazer o jogo dos que, a nível nacional, querem aproveitar a Revisão da Constituição para manter resquícios de uma visão do Estado que, quer a história quer o exemplo da Autonomia, contrariam e desmentem. É pois fundamental que, em nome dos Açores, os partidos políticos saibam responder com serenidade e sentido de Estado ao apelo já deixado pelo Presidente do PS/Açores para que, acerca da Revisão Constitucional, os Açores tenham uma posição sólida e unida. Com mais de três décadas de regime autonómico, espera-se que todos saibam estar à altura de, com maturidade política, perceber o alcance do apelo deixado. Não servem, por isso, os argumentos de diálogo condicional. Também não vale a pena, numa questão tão essencial, puxar de argumentos de mera infantilização política sobre quem toma primeiro a iniciativa de dialogar. E, por último, mas por isso não menos importante, que não se confundam planos nem se isole do debate os restantes partidos. É tempo de unir e não partir. É importante que a líder do PSD/Açores perceba que optar pelo mimetismo político nacional (copiando as “arrelias” de Passos Coelho) não serve nem os Açores nem o tal código genético de que se fala no início da crónica de hoje. Ninguém tem culpa de em Julho, ter considerado o projecto “excelente” e hoje achar exactamente o seu contrário (ou pelo menos parecer que acha). Não é tempo nem há horas disponíveis para mais hesitações! Agora ou nunca deve ser o lema. “Já!”, a decisão.