Valdemira Gouveia defende que o Parlamento Açoriano também deve assumir a sua “responsabilidade” na “redução das desigualdades de género”

PS Açores - 17 de junho, 2021

No âmbito de uma intervenção realizada em Plenário, a deputada do PS/Açores, Valdemira Gouveia defendeu que a Assembleia Legislativa da Região também tem “responsabilidade” na promoção das “mudanças necessárias à redução das desigualdades de género alicerçadas nesses estereótipos, nomeadamente através de campanhas e ações em contexto escolar e comunitário que visem a desconstrução de crenças datadas sobre género”.

A deputada do PS/Açores alertou para o perigo que a atual crise provocada pela pandemia da Covid-19 representa para as questões da igualdade de género: “A desigualdade de género sistémica que perpassa as várias dimensões da organização social, não apenas na nossa Região, mas certamente também presente nela, tornam esta crise especialmente ameaçadora do progresso na esfera da igualdade de género – como de resto foi reconhecido recentemente pelo Secretário-Geral das Nações Unidas”.

Referiu, também, que para além de estarem “numa posição especialmente vulnerável nesta pandemia”, já havia questões anteriores, como por exemplo, o facto de que “as mulheres continuam a ganhar, em média (em termos absolutos) menos aproximadamente 15% do que os homens, e esta diferença acentua-se nos quadros superiores”; o facto de dedicarem “o triplo do tempo” às tarefas domésticas “quer tenham uma atividade profissional remunerada ou não” e por representarem “mais de 80% dos beneficiários de apoio excecional dirigidos aos pais para ficarem em casa em contexto de doença de filho até 12 anos”.

Valdemira Gouveia referiu, ainda, o trabalho que já foi feito no combate à pobreza: “O Partido Socialista foi sucessivamente dando passos no sentido de esbater esta lacuna, mas se é verdade que tudo o que se fizer nunca será suficiente, não é menos verdade que muito foi feito - o que nos deve orgulhar!”. E defendeu que “qualquer ação política nesta matéria deverá considerar as especificidades socio culturais da nossa Região e não nos podemos empreender em contas matemáticas, porque a população não pode ser um conjunto de números”.

A parlamentar defende a necessidade de atuar “nos aspetos socioculturais que estão na origem de uma parte significativa da atividade feminina estar circunscrita à atividade doméstica não remunerada” e de “promover uma maior autodeterminação das mulheres açorianas, em algumas camadas populacionais e consequentemente um aumento do rendimento das famílias”. No ponto de partida, diz, está a educação: “Sendo a escola o lugar privilegiado, porque equalizador do acesso a essa informação independentemente da condição socioeconómica para essa mudança sociocultural - temos de investir nesse compromisso com a desconstrução de estereótipos de género que alicerçam muitos dos indicadores acima mencionados”.