Domingos Cunha apresentou, esta quinta-feira, à Assembleia Legislativa dos Açores, em nome do PS/Açores, o seguinte voto de pesar, aprovado por unanimidade, que se transcreve na íntegra:
VOTO DE PESAR
ENGENHEIRO JOSÉ GABRIEL MENDONÇA CORREIA DA CUNHA
O Engenheiro José Gabriel Mendonça Correia da Cunha, nascido em Lisboa a 25 de abril de 1927, faleceu no passado dia 13 de setembro, aos 90 anos de idade.
Possuía duas licenciaturas, uma em Agronomia, pelo Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, e outra em Geografia, pela Universidade de Lisboa.
Esta última licenciatura permitiu-lhe o contacto com Orlando Ribeiro, o grande mestre da Geografia portuguesa, inicialmente como aluno e depois como colega.
Na combinação entre os diversos saberes e tendo uma conceção holística de Geografia perfilhada, igualmente, pelo seu mestre Orlando Ribeiro, o Engenheiro Correia da Cunha traçou como um dos seus objetivos de vida “tornar-se o pioneiro mais relevante da introdução da política pública de ambiente em Portugal.”
Foi, como docente, o introdutor em Portugal dos estudos de Geografia aplicada e, como técnico de planeamento do Secretariado Técnico da Presidência do Conselho de Ministros, o responsável pela definição geográfica das primeiras Regiões de Planeamento do país (1967).
Foi pioneiro da causa ambiental no nosso país e foi fundador e único Presidente, de 1971 a 1983, da Comissão Nacional do Ambiente, que pode ser considerada como a primeira instituição portuguesa responsável pela orientação de uma política pública de ambiente, e Presidente da Comissão de Saneamento Básico do Algarve.
Pugnou por uma maior consciência para a necessidade de assegurar um equilíbrio sustentável entre o crescimento económico e a vivência harmoniosa e sadia com a Natureza.
Foi eleito Deputado à Assembleia Nacional em 1969 integrado na “Ala Liberal”.
O seu pioneirismo nos 40 anos de política pública de ambiente em Portugal mereceu a homenagem que lhe foi prestada na Fundação Calouste Gulbenkian em abril de 2011.
Foi um cidadão distinto, exemplar e competente, que nunca voltou as costas aos desafios do serviço público.
Integrou o Primeiro Governo Regional dos Açores, como Secretário Regional Adjunto da Presidência, desde 2 de janeiro de 1979.
Com o sismo de 1 de janeiro de 1980, que assolou as ilhas Terceira, S. Jorge e Graciosa, coube-lhe a tarefa de dirigir e coordenar o Gabinete de Apoio à Reconstrução, criado pela Resolução nº 2/1980 de 4 de janeiro e sediado na Terceira.
Em 1985, mais de 85% dos edifícios destruídos nas três ilhas estavam reedificados e com novas condições de segurança e sanitárias.
O êxito da reconstrução foi reconhecido internacionalmente num estudo americano realizado por uma vasta equipa chefiada pelo investigador Alexander Shephleigh, que a considerou “admirável”.
O Engenheiro Correia da Cunha, como passou a ser conhecido, era um homem de caráter forte, organizado e com sentido de desenvolvimento regional.
A lisura dos seus procedimentos granjeou-lhe o respeito, a admiração e o carinho de todos os técnicos, trabalhadores e colaboradores que com ele trabalharam e constituíram a equipa do referido Gabinete de Apoio à Reconstrução.
O Engenheiro Correia da Cunha ficará ligado para sempre à história dos Açores.
Assim, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista, ao abrigo das disposições regimentais, propõe à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, reunida em sessão plenária no mês de dezembro, que seja aprovado um Voto de Pesar pelo falecimento do Engenheiro José Gabriel Mendonça Correia da Cunha, e dele seja dado conhecimento à sua Família.
Sala das Sessões, 14 de dezembro de 2017