Opinião

Quando a política é presença

Há dias em que a política parece longe. Longe das pessoas, das suas preocupações, do seu quotidiano. E há outros em que está ali, à distância de uma conversa, de um olhar atento, de um gesto concreto.

A política não vive só nos parlamentos nem nas assembleias. Vive também nos pequenos sinais de quem se interessa, de quem escuta e de quem acompanha. Há uma diferença enorme entre fazer política para as pessoas e fazer política com as pessoas. E essa diferença nota-se, mais cedo ou mais tarde.

Vivemos tempos em que a exigência é alta e a paciência é curta. É natural. A vida está difícil, as respostas demoram, e nem sempre quem representa está presente. Mas é exatamente por isso que a presença conta. Não resolve tudo, mas muda muito.

Estar presente não significa ter sempre uma solução na mão. Às vezes é só mostrar que se está atento. Que se viu. Que se ouviu. Que se reconhece a realidade do outro.

Gosto de quem aparece nos momentos fáceis e ainda mais nos momentos difíceis. De quem não foge quando as perguntas apertam. De quem diz "não sei", em vez de inventar uma resposta. Porque isso também é política.

A política que vale a pena é a que se faz com presença. Com tempo. Com cuidado. Pode não ser perfeita, mas é honesta. E quando é assim, até as divergências ganham outro tom.

Porque antes de ser projeto, programa ou até ideologia, a política é uma forma de estar.

E o mais curioso é que, às vezes, nas nossas próprias vidas o que realmente marca também é isso: a forma como estamos.

Política é presença. Mesmo quando não parece.

 

(Crónica escrita para Rádio)