Opinião

Arrogância

Em Novembro de 2020, por altura da divulgação pública do acordo de coligação que viria a suportar o governo dos Açores, foi notória a preocupação dos responsáveis dos três partidos coligados em passar a ideia de grande sacrifício e de profunda humildade. No fundo eles não queriam mas tinha de ser. Era tudo penoso e um enorme sacrifício. Mas com grande humildade lá meteram as mãos na massa.
Daí para cá muita coisa mudou. A máscara de profunda humildade dos coligados caiu e deu lugar à arrogância dos desesperados.
Os dois mais destacados representantes desse estilo genuíno, outrora dissimulado, são o vice-presidente do governo e o chefe da bancada parlamentar do PSD na Assembleia Legislativa dos Açores.
Sempre que alguém do Partido Socialista critica as áreas de competência do vice-presidente do governo, ou aponta um erro ou uma falha a outro departamento governativo, recebe em troca, vindas das hostes de Artur Lima ou de Bruto da Costa, expressões como “é preciso ter lata”, “falta de vergonha” ou mesmo “descaramento”.
O atual governo regional conta com quase três anos de mandato. Já tem passado. É tempo de assumir as suas responsabilidades. Todavia, o vice-presidente do governo e o chefe parlamentar do PSD consideram que a oposição não tem direito a desempenhar o seu papel e a criticar o governo.
Há mais de 2000 anos, o grande Cícero, considerou inaceitável substituir o debate político em torno de ideias diferentes pela tentativa de desqualificar o interlocutor. No século XXI há quem ainda não tenha aprendido essa lição.
Artur Lima e Bruto da Costa são dois símbolos da arrogância, da prepotência e do sectarismo que contagia cada vez mais os discursos de quem nos governa. Ao quererem condicionar a liberdade de expressão e a capacidade crítica da oposição, apenas revelam o nervosismo e a crescente instabilidade que mina a atual governação. Aproxima-se a hora H.