Opinião

Queixume institucionalizado

Sendo a primeira tentação do Executivo Regional a justificação de todos os seus deméritos, que não são poucos, e erros, que são demais, com a pesada herança socialista, que apesar de tão pesada como dizem ser, ainda assim, permitiu, pasme-se, reduzir impostos, rever carreiras e aumentar ostensivamente os cargos de nomeação política na Administração Pública, nos últimos dias ficou patente, que pelos corredores do (des)poder autonómico vagueia uma segunda tentação, tão forte quanto a primeira, que assenta na institucionalização do queixume, a princípio amiúde mas atualmente bradado aos "céus" da comunicação social em conferência, relativamente ao Estado / República / Governo / Lisboa / Terreiro do Paço / Costa / Ministro X(sublinhe a opção que melhor se adequa, será provavelmente a frase que surge após uma enumeração semelhante nas minutas de nota de imprensa do GRA).

Ao contrário da primeira tentação que visa atacar politicamente o PS/Açores de forma direta, a segunda tentação é mais subtil nos seus intentos, não obstante visar exatamente o mesmo objetivo.

A estratégia, mal dissimulada, é simples, um membro do Governo Regional "atira-se" à República e no dia seguinte um deputado eleito por um dos partidos da coligação "investe" contra o PS/Açores afirmando que este está contra os interesses da Autonomia. Repetindo-se o número ad nauseam nos diversos sectores.

A institucionalização do queixume injustificado em relação ao Estado é o primeiro passo para a degeneração da Autonomia Regional numa Autonomia de "mão estendida" ou, melhor dito, num simulacro de Autonomia, pois não é possível manter uma autonomia decisória dissociada da responsabilidade financeira pelos custos das decisões tomadas.

Como nos belos versos da Internacional, em relação à Autonomia Regional "façamos nós por nossas mãos, tudo que a nós nos diz respeito".