Opinião

Trajetos cortados

A semana que agora termina foi marchando com alegria, voracidade e aproveitamento político, animada pela discussão pública sobre o trajeto que as marchas vão percorrer na noite de São João.
Como na canção do Chico Buarque, porque andava um pouco "à toa na vida", quando alguém me chamou "pra ver a banda passar / cantando coisas" do decisor, já o assunto se encaminhava para o seu desfecho com a sensata decisão do executivo municipal de se fazer "o trajeto do costume".
Tal como numa marcha, à medida que a discussão foi avançando, houve a confusão do Alto das Covas, o formalismo da Rua da Sé, a emoção da Rua de São João, o estreitamento da Rua dos Minhas Terras, o à-vontade da Rua Direita e por fim a felicidade, por tudo ter corrido bem, da chegada à Praça Velha. Felicidade redobrada pelo facto de haver apenas uma única noite de marchas.
Assim sendo, estão reunidas todas as condições para que Angra continue a ser "do mundo e da gente, passado presente, futuro a cantar" como escreveu Álamo Oliveira.
Menos perturbado, mas muito mais danoso para a Cidade, tem sido o percurso de alguns programas do Governo em matéria social, que além de não pisarem a Rua de São João, nem chegam a "marchar" pelo Concelho, como são exemplo, o "Programa Nascer Mais", um apoio à natalidade de 1500€ ou o "Programa Novos Idosos" um apoio mensal de até 948€ aos idosos para cuidados domiciliários, que não abrangem um único cidadão Angrense, que neste particular, nem são do mundo nem das gentes açorianas.
São estes programas que deviam "marchar", não na noite de 23 para 24 de junho, mas todo o ano, pelas ruas do Concelho, saindo da Ribeira da Lapa nos Altares e terminando na Ribeira Seca em São Sebastião, com passagem obrigatória, como não poderia deixar de ser, pela formosa Rua de São João.