Opinião

E agora?

Depois de termos assistido à subida da taxa de risco de pobreza na Região, enquanto dias depois, também subia a taxa de abandono escolar precoce (jovens que entre os 18 e os 24 anos abandonaram a escola sem completar o ensino secundário); depois de termos sabido pela DECO, que 77% das famílias açorianas enfrentam sérias dificuldades financeiras, daqui pergunto: e agora?

Já estão convencidos de que cortar abruptamente o Rendimento Social de Inserção e programas ocupacionais por mero capricho político, em nome da vossa salvação, foi um erro? Não, não estão. A avaliar pela postura do Governo no debate da RTP/Açores sobre o futuro da Região, não senhores e senhoras: não estão! Estão muito contentes (agora) porque criaram um portal de denúncia e podem todos (os que quiserem) ir lá denunciar “casinhos”, até de forma anónima, a fazer lembrar tempos fétidos e bafientos a que não queremos voltar!

Senhores, senhoras e agora? Não quiseram governar esta Região Autónoma, prometendo maravilhas: barcos pelo mar, aviões pelo ar e uma série de outras políticas, coaching e ensino dual mais fusão de escolas profissionais, que nunca chegaram a acontecer? Quiseram! E agora?

No mesmo debate, ouvimos dizer que a “fortuna” que um pai pode deixar a um filho é um curso superior, ignorando (ou talvez não) que nem todo o homem ou mulher, tem que ser Dr. e não é, pois claro que não é, nem melhor nem pior, por isso… A “fortuna” que um pai pode deixar a um filho é a capacidade de pensar por conta própria, o respeito pelos outros (e por si próprio); a decência e a honestidade. Resumo resumido do que se pode dizer do que foi ensinado por pais, que não são licenciados, em 1900 carateres.

E agora?

“Não há revolta no homem/que se revolta calçado. /O que nele se revolta/é apenas um bocado/que dentro fica agarrado/à tábua da teoria. (…)” (excerto de poema de Natália Correia)