Opinião

De(s)confiança

2 anos, 3 meses e um par de dias, foi o tempo que demorou a confiança que deu alento à campanha do PSD/A e à formação do Governo com o CDS e o PPM, suportado, já sem formalismos, pelo CH e IL, a transformar-se em desconfiança, com o Grito do Ipiranga, prontamente silenciado, de Clélio Meneses, que foi, ao contrário do de D. Pedro, simultaneamente, de independência e de morte. Independência, a sua, morte, a do Governo.

Ao bater com a porta o anterior Secretário afirmou, sem qualquer tipo de pejo, como lhe é característico, que o fazia por razões exclusivamente políticas decorrentes de ingerências no exercício do cargo, pecando, apenas, por não ser claro na indicação dos responsáveis pela ingerência, o que, à luz dos imbróglios que foram públicos, deixa no ar uma eventual responsabilidade do Vice-Presidente.

Neste par de dias, Artur Lima tem sido o bode expiatório de todo o PSD, assumindo a função de cordeiro de Deus que redime José Manuel Bolieiro e Duarte Freitas, de culpa.

É manifesto que a instabilidade do GRA é fruto da total falta de autoridade e de liderança política de Bolieiro, que não percebe que existe uma grande diferença entre mandar e dizer que se manda, sendo assim o principal responsável por todas as ingerências, chantagens e limitações que se verifiquem entre membros do Governo, bem podem apontar baterias ao CDS e ao PPM, mas nestes caso, parafraseando Camões, um fraco Presidente faz forte a fraca (pelo menos eleitoralmente) gente.

Por outro lado, a responsabilidade de Duarte Freitas fica evidenciada no acolhimento da EMAFiS, também conhecida pela Estrutura de Missão criada para que a Ex-Presidente do HDES controle a Secretaria Regional da Saúde.

Perante tanta desconfiança é tempo do GRA ponderar a apresentação de uma moção de confiança, pois a maioria aritmética, como bem referiu Vasco Cordeiro, torna ineficaz e, por isso mesmo, desnecessária, pelo menos para já, a apresentação de uma moção de censura.