Opinião

Conspiração

As reações à saída do Presidente do Conselho de Administração da SATA oscilaram entre a comédia e a tragédia. O Secretário Regional das Finanças, o líder parlamentar do PSD e o deputado monárquico concluíram que Luís Rodrigues sai porque há quem queira prejudicar a SATA. O primeiro queixou-se que o Governo Regional não foi consultado como se o convite a um administrador de uma empresa pública dependesse da anuência do representante do acionista. Ou seja, ficamos a saber que na cabeça do titular das finanças nenhum gestor público dos Açores pode ser convidado para outro desafio profissional sem a devida autorização do Governo Regional.

Entre mantras salvíficos que não querem dizer nada, o líder parlamentar do PSD também se indignou enquanto o deputado Estevão disse acreditar num “conluio” do Governo da República com o PS regional com o único propósito de dificultar a privatização da Azores Airlines. O problema destes neófitos da teoria da conspiração é que se esqueceram do óbvio: o Presidente da SATA, como qualquer pessoa, tem vontade própria e decidiu aceitar o convite para regressar a um grupo no qual já foi administrador. Ver nisto uma tentativa deliberada de fazer mal aos Açores ou à SATA é de quem pensa que o mundo começa e acaba na ponta da doca e que as decisões dos outros são, no essencial, pensadas em função de um protagonismo que, na verdade, a Região não tem. Se isto, por si só, não é trágico...