Opinião

Apregoar milhões e executar tostões

A Execução Financeira do Plano para 2022 demonstra que o Governo do PSD, CDS/PP, PPM, apoiado pelo CH e IL deixou por executar mais de 260 milhões de euros do investimento público, previsto e aprovado, para 2022. Não tenho memória de tão baixa execução, que se ficou pelos 66,2%.

A Secretaria das Finanças, Planeamento e Administração Pública executou apenas 37,7% do previsto para o apoio às empresas, ou seja, dos 95 milhões de dotação revista (a inicial era superior: 104 milhões de euros) aplicou apenas 35 milhões euros. Isto por si só traduz bem a atenção que o Governo (não) dedicou às empresas. Pior, quando a este facto somamos o que Governo não pagou às empresas dos apoios já aprovados.

Na Agricultura ficaram mais de 14 milhões de euros por executar, com destaque para as Infraestruturas públicas de apoio ao setor produtivo em que o Governo investiu pouco mais de metade daquilo que havia previsto.

Em matéria de Transportes, Turismo e Energia, faltou claramente o combustível para pôr a máquina a andar ficando no global aproximadamente 80 milhões de euros por investir ou por pagar. Vou dar apenas um exemplo: Eficiência Energética e Energias Renováveis que de 39,7 milhões de euros previstos foram executados apenas 627 mil euros, ou seja, 1,6%. Isto quando as famílias e as empresas desesperam com o aumento exponencial do preço da energia.

Como se não bastasse, o Plano de Investimentos para 2023, no valor de 600 milhões de euros durou apenas 15 dias. Hoje, esse mesmo Plano, já vale menos 25%, por via da correspondente cativação das ações sem financiamento comunitário.

Depois de um ano de 2022 em que ficou muito por pagar (facto bem espelhado nas contas do SPER), dívida essa que transita agora para o orçamento de 2023, quando a este já foram cortados 25%, o que sobra? Sobra pouco, muito pouco.

Está criada a tempestade perfeita.