Opinião

Os Açores estão a ficar para trás

Ao longo de dois anos vimos alertando para o agravamento das dificuldades sentidas pelas famílias, pelas empresas e pelas instituições, sendo invariavelmente apelidados de profetas da desgraça. O tempo, infelizmente, deu-nos razão.

Os dados revelados pelo INE relativos a 2021, atestam que os Açores estão a divergir do resto do país. Enquanto o país como um todo e a generalidade das Regiões melhoram os indicadores da Taxa de Risco de Pobreza e da Desigualdade, os Açores pioram. Basta atentar aos dados para perceber que, em matéria de Taxa de Risco de Pobreza, os Açores, com os Governo do PS, convergiram com o resto do país, diminuindo essa taxa em 31%, e agora, em apenas um ano, com este Governo do PSD-CDS/PP-PPM, aumentou 15%.

No que à Desigualdade diz respeito, nos Governos do PS/Açores, esse indicador diminuiu 15%, atingindo a média nacional, e, em apenas um ano, com este Governo de coligação, aumentou 5%, ultrapassando a média nacional. Mas o INE avança já com dados referentes a 2022, relativos à Taxa de Sobrelotação em Habitação.

Também destes se retiram conclusões preocupantes, embora não surpreendentes: nos Governo do PS/Açores a Taxa de Sobrelotação Habitacional diminuiu 25% e, em apenas um ano, com este Governo de coligação aumentou, 21%.

Ora, se é certo o que afirmou o Professor Fernando Diogo, que o que aqui está em causa é o efeito das políticas públicas, então é lícito concluir que o que o atual Governo PSD-CDS/PP-PPM está a fazer é tornar os Açores e os Açorianos mais pobres, mais vulneráveis e a nossa sociedade mais desigual.

É urgente arrepiar caminho!

É urgente reativar a Estratégia de Combate à Pobreza e à Exclusão Social, promovendo ações de curto, médio e longo prazo, que atendam às consequências da crise que atravessamos, mas que ataquem o problema estrutural, combatendo as causas da pobreza.

É urgente apoiar as famílias nas prestações do crédito à habitação e reforçar os instrumentos de aconselhamento às famílias sobre endividadas.

É também urgente rever os programas de apoio à habitação, por exemplo por via do arrendamento, alargando os limites de rendimento das famílias que deles beneficiam e aumentando as percentagens de apoio.

Os açorianos vivem hoje pior do que em 2020 e estão mais longe de ter as condições de vida e rendimento dos demais cidadãos deste país.

Com os dados que temos, é impossível não concluir: os Açores estão a ficar para trás, porque enquanto o resto do país melhora, os Açores pioram em matérias como a pobreza, a desigualdade e a sobrelotação habitacional.

P.S. – A Coligação PSD-CDS/PPPPM fez uma Conferência de Imprensa ontem, através da qual, não rebateu um único dado apresentado acima. Traz um dado “novo” e errado. Utiliza a Taxa de Risco de Pobreza após transferências sociais, alegando que são dados de 2020 e 2021 quando os dados são, respetivamente, de 2019 (28,5%) e 2020 (21,9%). Estes dados são irrefutáveis, constam do anexo ao Destaque do INE (quadro 3), não são uma opinião do Partido Socialista. Portanto, todo o raciocínio elaborado para a eficácia das políticas públicas é mérito dos Governos do PS e não da Coligação.

Lamentamos o erro e o fato de não se terem retratado do mesmo, mas agradecemos os elogios às políticas dos Governos do PS. Já agora, sobre o mesmo indicador e para 2021, o mesmo quadro indica que sobe para 25,1%, ao contrário do resto do país, revelando a ineficácia das políticas públicas em 2021, da responsabilidade do Governo de Coligação.