Opinião

O Pacto

O Parlamento dos Açores aprovou na passada sexta-feira, um Projeto de Resolução da autoria do PSD, CDS/PP e PPM, que recomendou ao Governo que promova, até ao final desta legislatura, o alargamento e diversificação do ensino artístico especializado nos Açores.
Nada nos move contra tão grande auspício, ainda que ele tenha subido a palco três dias antes da abertura do penúltimo ano letivo desta legislatura. Porém, sabendo das dificuldades de levar à cena esta “peça”… suspeita-se que dois “atos” não serão suficientes.
Somos – sempre fomos e não foi (sequer) paixão que nos tenha assolapado agora, completamente a favor do ensino artístico, reconhecendo nele a capacidade para desenvolver competências fundamentais entre crianças e jovens. Todavia, causa-nos certa espécie que tal ensejo seja posto agora em forma de recomendação ao Governo, a meio do mandato.
É que o Governo que acolheu a recomendação de forma rápida, e absoluta, é exatamente o mesmo que em janeiro anunciou, com pompa e circunstância, um Pacto educativo para a década, uma Estratégia. Foram, então, prometidos amplos debates para encontrar planos de convergência e vias de entendimento em matéria de educação, tendo sido (até) prometido colocar-se o interesse regional acima de qualquer interesse partidário.
À vista do Projeto de Resolução aprovado, no Parlamento, parece-nos que estas intenções foram todas enterradas. Então não seria de se ter incluído esta medida pedagógica na prometida Estratégia para a década? Só o PS o lembrou.
No início deste ano, a UNESCO lançou o documento: “Um novo contrato social para a educação”. É de consulta pública – foi trabalhado durante dois anos, e baseado num processo, que contou com a participação de cerca de 1 milhão de pessoas. Leiam, que vale bem a pena.