Opinião

Remodelação requentada e (re)candidatura natural

I
E ao fim de 17 meses lá chegou a remodelação governativa. 3 dos governantes que cessaram funções tinham as malas feitas há muitos meses. A surpresa, ou talvez não, foi a saída de Bastos e Silva. Corria nos bastidores, há muito tempo, a vontade de alguns ilustres membros da coligação “em correr com ele”. Simultaneamente, corria o rumor de que Bolieiro havia transmitido que “sairia” com o seu secretário das finanças. Nunca dei grande crédito a nenhuma destas correntes. E a razão era simples: Bastos e Silva era o peso-pesado deste governo colocado estrategicamente numa pasta fulcral em qualquer executivo. Contudo, houve um sinal (uma imagem) que marcou o seu destino. A foto de Bastos e Silva, sozinho, na linha da frente, durante horas intermináveis, perante uma Assembleia Regional cujo respetivo ponto da agenda era do conhecimento de todos, marcou simbolicamente o fim da linha. O deixar à sua sorte não podia ser um mero acaso. Nesse dia, Bastos e Silva passou para a mesa dos outros três companheiros do Governo. Esta remodelação, despejada na comunicação social em época pascal, procura dar vida à coligação. E a verdade é que ao colocar Duarte Freitas no centro do jogo, conjugado com a entrada de Berta Cabral, faz com que o XIII Governo fique preparado para outro nível de “combate político”. Esta nova orgânica consegue, no que diz respeito à manta de retalhos, fortalecer o PSD; piscar o olho ao CDS-PPM; passar a bandeira de elo mais fraco para o membro do PPM no executivo; agradar/ceder ao Chega e isolar a IL. Tudo isto a que se junta ainda a estratégia (?) de sempre da oposição (PS e BE). Qual estratégia? Esperar. Pelo orçamento para o ano 2023. Pelo orçamento para o ano 2024. Pelas regionais de 2024. Ou 2028. Ou 2032. Um dia o poder cairá! Essa é uma certeza.
   
II
Vasco Cordeiro anunciou a sua recandidatura à presidência do PS/Açores. Nada mais natural. Tal como a inexistência de candidaturas alternativas. Não há outra opção, dizem uns. Ainda é cedo, dizem outros. Ambos são capazes de ter uma pontinha de razão. De qualquer forma, na minha qualidade de militante do PS desde 2005, anuncio publicamente o meu apoio à recandidatura de Vasco Cordeiro. E faço-o, não para que fique tudo na mesma. Mas sim por acreditar que a partir de agora tudo será diferente. Foram cometidos muitos erros. Quer em políticas, quer em personalidades. A declaração de recandidatura fez muito bem em assumir esses erros. Ainda que a tónica tenha sido colocada erradamente nas eleições regionais de 2020. A mensagem mais forte dos eleitores foi dada 4 anos antes. Mas poucos fizeram caso… Por isso, o próximo congresso, onde conto fazer uma intervenção, dirá muito sobre o futuro do PS/Açores. É preciso que saia de lá uma mensagem clara. Um rumo. Propostas concretas. Descentralização. Coragem. Pluralismo. Tudo isto representado sob a forma de uma equipa renovada, onde todas as ilhas tenham representantes na comissão e… secretariado regional. Uma equipa que englobe diversas sensibilidades. Uma equipa que compreenda a força popular do PS. O regresso à terra será o primeiro passo rumo ao futuro!