Opinião

Um bigodinho à Charlot só que na Monalisa...

Transparência.
Assim de repente, apenas me ocorrem duas hipóteses para que um Governo Regional não seja transparente nos Planos que elabora para os Açores. Não consegue, uma hipótese. Não quer, outra hipótese. Se há efetivamente uma terceira, não me ocorre. Terceira hipótese! Existe sim: um "não conseguir" somadinho a um "não querer". Mas por partes. Apesar do esforço de tentar tirar uma conclusão convicta sobre qual das três é afinal a verdadeira, até à data, falhei mesmo e redondamente neste propósito. Tentei já raciocinar com lógica, coração ao largo. Tentei já não raciocinar e me deixar levar pelos sentidos... e nada. Na mesma me mantenho...A verdade é que a transparência, ou melhor, a falta dela, significará, de entre outras coisas, que toda uma Região Autónoma com grande necessidade de conhecer e de preparar o seu destino, tem afinal os pés no pântano. Mais um.

Anteproposta de PO 2030. Se não se consegue, temos um óbvio problema e, na verdade, bem grave - incompetência. Falamos de quem nos lidera, preocupante. Calculo então que o neguem, é claro que sim, pelo que aceitando a rejeição desta ideia, passamos à hipótese b - o não querer. Não menos preocupante. O determinante documento para o desenvolvimento da Região Autónoma dos Açores é assim tratado, a meu ver - no melhor da opacidade, em que nem mesmo a razão de assim ser, é transparente. E talvez ainda chegue uma verdadeira Proposta, diferente da Ante, fica a esperança, já que esta não passará de uma espécie de esboço. Sem enveredar, aqui e agora, numa análise mais detalhada do seu conteúdo, eventualmente, por áreas, o que temos em mãos é um importantíssimo Programa Operacional sem um claro enquadramento consistente, sem um claro horizonte ou horizontes, sem um claro caminho ou caminhos para se lá chegar, sem um claro conhecimento dos beneficiários a abranger, sem uma clara coerência com um determinado rumo político a seguir. Que me desculpem seus autores, com todo respeito, mas é um documento que imediatamente me parece saído de um trabalhinho elaborado na escola e por um grupo de alunos muito aprendiz e demasiadamente numeroso, em que cada um faz uma partezinha ao seu jeito e depois alguém cola todos os bocadinhos.
Sou do contra, dirão. Compreendo isso. Mas então vejamos, só para ilustrar, de modo que o leitor mais pró-coligação não fique pensando que não sou leal na minha apreciação por evidente partidarite. Quem assim está pensando, e já que falamos de escola, então que me explique uma pequenininha e simples coisinha: como, no parco parágrafo destinado à Educação - aquela bandeira sempre  desfraldada, a Educação, exatamente a mesma que justificará a (i)lógica do desinvestimento de 22.400.000 € (!?) em comparativo com o anterior PO- como, dizia eu, se enuncia o enxovalhadíssimo ProSucesso como se do renovado projeto educativo para a década se tratasse, e bem no detalhe dos seus vilipendiados três eixos? Quem me explica, sff?...
Pormenores. É afinal apenas mais um bigodinho à Charlot só que na Monalisa...