Opinião

A onda Costa: Uma maioria imprevisível, até mesmo para António Costa

Em Portugal no dia 30 de janeiro a opção dos portugueses não foi só a de um governo estável, foi a de um governo estável com o PS, liderado por António Costa.

Há duas semanas aqui escrevia: “António Costa é o cidadão mais bem preparado para governar Portugal” e o resultado obtido, a maioria absoluta, confirmou essa perceção por parte do povo.

 

A maioria pedida, retirada e afinal dada

Imprevisível, até mesmo para António Costa que na penúltima semana de campanha pediu a maioria absoluta, acertando agulhas na última semana para deixar de a pedir, porém, avaliando pelos resultados o povo já estava decidido atribuí-la. Foi a perceção das sondagens que levaram António Costa a recuar, uma vez que nem pelo pulsar da população existiram sinais de uma maioria.

 

A onda Costa

A onda Costa arrasou (quase) a totalidade do país. A exceção foi na Madeira, em que o PS perdeu cerca de 3000 votos e o PSD ganhou mais de 2000 em comparação com as eleições de 2019. O eleitorado madeirense preferiu o PSD. A fidelização do eleitorado do PSD, para estas eleições, foi crescente. Nos Açores o sentido da fidelização do eleitorado no PSD foi contrária.

 

Sondagem

As sondagens ao longo das últimas semanas erraram redondamente no vencedor e na dimensão da vitória. As sondagens não se apresentam como um instrumento fiável para a estratégia política. Ou é afinada a metodologia ou as empresas que lucram com estas sondagens terão os dias contados.

 

Peso histórico do resultado

O resultado eleitoral de 30 janeiro de 2022 tem um peso histórico que retira o CDS-PP da Assembleia da República, um dos partidos que integrou a Assembleia Constituinte, onde a IL e o CHEGA obtiveram mais votos que o CDS em todo o país.

O resultado também valida um grupo parlamentar a um partido de extrema-direita.

A movimentação dos votos do espectro da direita

Terão os votos se movimentado do PSD para a IL e CHEGA? Poder-se-á considerar que os entusiastas da doutrina social democrata se aproximam dos princípios defendidos pela IL e pelas posições do CHEGA?

Os votantes na IL terá sido fortemente o eleitorado jovem. O PS, para este novo desafio para a melhor maioria absoluta tida em Portugal, precisa de entender o que mobiliza os jovens a votar na IL. Falta de oportunidades no ensino superior e profissional? Precariedade laboral? Mercado de trabalho cristalizado?

No CHEGA votaram portugueses nos quais importa descortinar o porque do seu voto neste partido e como podem os partidos democráticos, a favor de uma sociedade inclusiva, desmobilizar estes votantes conquistados por discursos populistas.

 

Caminhamos para 10 anos de primeiro-ministro António Costa

Em 2026, António Costa, assinalará o primeiro ministro mais tempo em funções neste tempo democrático.

O tempo passado e futuro dará ao PS a enorme responsabilidade de desenvolver o país que, no seu conjunto, terá disponível recursos portugueses e europeus num total de 50 mil milhões de euros durante o período de execução do plano estratégico que vai até 2030.

No tempo passado o governo de António Costa foi responsável pela Estratégia Portugal 2030 com a visão do governo para a próxima década e que é o referencial para os vários instrumentos de política, como o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o próximo quadro comunitário de apoio 2021- 27 (Portugal 2030); no tempo presente e futuro, cabe a operacionalização destes instrumentos.

Estes são desafios que ditarão o futuro do PS pós 2026 face às escolhas no presente para um país com escalas de desenvolvimento social, económico, ecológico e financeiro crescentes.