Opinião

Cesta de frutas e de legumes

Ao escrever este artigo à minha frente tenho uma cesta (artesanato dos Açores) comprada nas Lajes do Pico com frutas vendidas no mercado da Graça.

Maçã, laranja, nectarina, limão e cerejas nacionais, physalis colombiano, onde se destacam os morangos e as bananas regionais.

Do pepino, curgete e beringela nacionais, excetuam-se o tomate, batata, couve e alfaces regionais. O cogumelo, claro está, vem de bem longe.

Um cabaz maioritariamente de importados que desequilibra a balança comercial e é prejudicial ao ambiente, ao utilizar transportes marítimos e aéreos e com agricultura intensiva sabe-se lá onde e em que condições humanas, e que nos deve questionar o que está de errado no atual sistema que não motiva os produtores regionais, que maioritariamente têm pequenas áreas de exploração sendo estas em maior número de produção de carne e/ou leite, a produzir uma maior quantidade de hortícolas e frutícolas?

Muita importação e pouco mais de 184 produtores biológicos, num ecossistema produtivo que tem condições para criar a muito e necessária soberania alimentar, mas cujas regras existentes no PRORURAL+ não permitem a diversificação produtiva em territórios de pequena escala e não criam condições para sistemas agroflorestais, ao exigirem dimensões mínimas para uma mesma espécie de cultura.

O recente acordo político da PAC (Política Agrícola Comum) que após 3 longos anos viu a luz do dia ainda na presidência portuguesa - a prova para os mais cépticos que não foi uma “presidência de faz de conta” - foi alcançado abrangendo os elementos-chave da reforma da PAC que inclui três regulamentos: o dos planos estratégicos, o da organização comum de mercado (OCM) e o horizontal (financiamento, gestão e controlo da PAC). Caberá à presidência eslovena a formalização técnica até ao Outono e aos Estados Membros submeterem as suas estratégias nacionais até ao fim do ano.

Porque se exigem mudanças e há (alguma) esperança na próxima PAC? (a continuar no artigo da próxima semana).