Opinião

(In)Formação, pedagogia e sensibilização - Precisam-se

(In)formação, pedagogia e sensibilização.
Em novembro de 2020, após a tomada de posse deste governo e nos seus primeiros dias de governação, as tónicas dominantes no discurso relativo às medidas de combate à Pandemia provocada pela COVID-19 davam a entender que as mesmas iriam incidir fortemente na vertente comunicacional, nomeadamente, na formação, informação, pedagogia e sensibilização.
Seis meses passados a pertinência da ideia mantém-se tendo-se, no entanto, esfumado a sua colocação em prática.
Se até há bem pouco tempo este Governo Regional procurava culpabilizar o Governo da República pelo suposto envio de vacinas em quantidade insuficiente, tentando dar a entender que poderiam fazer melhor caso houvesse mais solidariedade, equidade e justiça na distribuição de vacinas, nas últimas semanas, existindo vacinas disponíveis, têm crescido os relatos de recusas relativamente à toma da vacinação.
Não houve, portanto, trabalho feito no que concerne ao inicialmente assumido.
Houvesse informação, formação, pedagogia e sensibilização que com certeza não existiriam tantas recusas relativamente à vacinação.
Aliás, o compromisso de uma campanha para a vacinação contra a COVID-19 foi publicamente assumido pelo Secretário Regional da Saúde e Desporto. Contudo, o que é certo é que passaram cerca de três semanas e nada foi feito.
E se de spots publicitários na televisão, em jornais e outros meios de comunicação se possa inicialmente pensar, a verdade é que grande parte do tempo publicamente despendido pelos responsáveis governamentais pelo combate a esta Pandemia não tem sido bem utilizado.
Quer nas conferências de imprensa quer mesmo até nas redes sociais (sim, estes governantes têm tempo para isso), nos últimos meses, têm imperado comparações intelectualmente desonestas com o passado e com outras regiões, têm sido feitas acusações públicas, ações de censura, assumidas posições de vitimização (quase que transmitindo sentimentos persecutórios), apresentados mapas com a sinalização das casas onde se encontram pessoas com COVID-19, enfim... No fundo, na realidade, vemos que quem pede mensagens positivas passa grande parte do tempo com mensagens negativas...
Portanto, no que diz respeito a pedagogia e sensibilização... Nada.
Mas se por aí o caminho está a ser tortuoso, no que diz respeito à informação e formação também não estamos bem.
Também desde a tomada de posse deste Governo deixou-se de transmitir e procurar quebrar as cadeias de transmissão ativas para rapidamente se declarar transmissão comunitária.
Depois, após serem questionados relativamente ao número de testes diariamente realizados para despiste ao vírus SARS-CoV-2, verificada a grande diminuição no mês de dezembro, para baralhar os mais interessados, os responsáveis decidiram juntar no comunicado diário da Autoridade de Saúde Regional todos os testes realizados: testes PCR, testes de antigénio, testes realizados em laboratórios convencionados fora da Região, testes realizados em laboratórios privados na Região. Uma ideia na senda do: "Vamos juntar tudo para dar a ideia que se está a fazer muito", dando a ideia de que tudo valia para fazer valer a máxima de que se estava a "Testar, testar, testar...".
E a partir daí, no que se refere à informação começámos a ficar pela "missa a metade".
Já no que refere à formação... enfim...
Dos guiões orientadores para os profissionais de saúde tão propalados há seis meses chegamos ao presente, depois de aprovado o Plano para a Região para 2021, com uma completa ausência de qualquer verba destinada à formação de profissionais de saúde.
Quando confrontado com essa situação, o Secretário Regional da Saúde e Desporto justificou-se dizendo que a verba foi considerada despesa corrente e, por isso, retirada do plano de investimentos. Contudo, quando questionado relativamente ao diferente entendimento e contradição no que se refere à verba alocada em plano para a formação dos profissionais do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, o mesmo remeteu-se ao silêncio.
Posto isto, é caso para dizer: (In)Formação, pedagogia e sensibilização - Precisa-se.
E... já agora... mais rigor e transparência.