Opinião

O princípio do fim do projeto Terceira Tech Island???

O projeto Terceira Tech Island foi desenvolvido pelo anterior Governo dos Açores no âmbito de uma estratégia de mitigação do downsizing das forças norte-americanas na Base das Lajes.
Este projecto foi desenvolvido tendo como três pilares: a (re)qualificação de recursos humanos para novas tecnologias, através de entidades certificadas e reconhecidas no mercado; a captação de empresas tecnológicas com potencial exportador e que promovessem a criação de emprego qualificado; a valorização da Ilha Terceira como um HUB Tecnológico e digital.
Fruto do trabalho desenvolvido e das parcerias conseguidas, o projeto Terceira Tech Island proporcionou a instalação de 20 empresas no centro da Praia da Vitória, a criação de mais de 170 postos de trabalho diretos na área do desenvolvimento de software.
Este projecto constitui-se, assim, como uma mais-valia significativa para a criação de emprego qualificado e para o crescimento económico e social local e tem ainda grande potencial de crescimento e de consolidação, continuando o caminho de promoção de emprego, criação de novas oportunidades e afirmação da Praia da Vitória e da Ilha Terceira como um pólo tecnológico e digital, com todas as mais valias económicas e sociais que daí podem advir.
Infelizmente, o actual Governo Regional parece não partilhar desta visão, tendo em conta que omitiu por completo na proposta de Plano e Orçamento para 2021 o Terceira Tech Island.
Diz agora o Senhor Secretário da Juventude, Emprego e Qualificação que existe uma acção no Plano de Investimentos com 520 mil euros para a Formação Tecnológica, onde estão incluídas as verbas para o Terceira Tech Island. Verificando os documentos, lê-se na descrição desta acção "Desenvolvimento de acções de formação tecnológica, nomeadamente nas áreas de tecnologias de informação e comunicação". Ou seja, não há qualquer referência específica ao Terceira Tech Island e à sua fundamental diferenciação formativa e estratégica, facto que muito nos preocupa porque pode comprometer irreversivelmente o seu crescimento, o seu sucesso ou, até mesmo, a sua existência. Recorde-se que em 2020 foram afectos a este projecto 2 milhões e 800 mil euros.
Em boa verdade, esta é já uma das primeiras consequências da decisão precipitada e errada de extinguir a SDEA- Sociedade de Desenvolvimento Empresarial dos Açores, que tinha como competência dinamizar e acompanhar este projecto.
O caminho não pode ser este.
É fundamental continuar a implementação deste "Hub" Tecnológico, com uma estratégia clara, de disponibilização de recursos humanos com formação específica na área das Tecnologias de Informação e Comunicação (quadros juniores e seniores), com a captação de empresas desta área que pretendam deslocalizar-se ou iniciar novas operações e com a disponibilização de infraestruturas para fixação de empresas e de habitação para colaboradores deslocados.
Qual a estratégia a implementar? Qual a entidade que terá a responsabilidade de desenvolver este projecto nas suas diversas vertentes? Quem realmente tutela esta matéria no novo Governo Regional? Qual a estratégia de desenvolvimento de parcerias e de captação de novas empresas?
Perguntas que continuam sem resposta.
Esperamos que estas indefinições e omissão não sejam o princípio do fim deste importante projecto.
Entre 2017 e 2020 foram criados 170 postos de trabalho através da instalação de 20 empresas.
Há margem para crescer...Este caminho não pode parar...