Opinião

A nova normalidade

Estamos todos a viver uma situação que podemos muito bem classificar de antagónica, conhecida como a nova normalidade. Por um lado, desencadeamos uma luta contra um vírus ainda desconhecido, batalha que estamos a ganhar, ainda que com muitas perdas e muitos sacrifícios, é certo, enquanto preparamos simultaneamente a retoma da nossa economia, com a certeza, porém, de que o vírus anda a rondar por aí. É como ambicionar ter o melhor dos dois mundos. Não é fácil, sobretudo por que é imprevisível, mas é a única forma de lidarmos com o problema de forma equilibrada, ou seja, implantando medidas de proteção, enquanto retomamos as atividades económicas. Esta dicotomia não é de fácil concretização e, por vezes, é de difícil de compreensão, sobretudo para os mais descuidados. Um virologista muito conhecido – digo, um virologista a sério e não aquela espécie “comenta tudo” que pulula em alguns órgãos de comunicação social –, dizia que não devemos ter medo do vírus, mas antes ter os cuidados necessários e cumprir as regras básicas, já muito divulgadas por diversas vias. Quer isto dizer que a nova normalidade nada terá a ver com a normalidade a que nos fomos habituando ao longo da nossa vida. A nova normalidade obrigará a outras responsabilidades, impensáveis até há algum tempo, mas necessárias para podermos conciliar os riscos e a capacidade de resposta do Serviço Regional de Saúde com a retoma gradual da atividade económica. Depois desta tormenta - e ultrapassar tormentas é a especialidade do povo dos Açoriano - a Região está a reerguer-se, só que agora sob o olhar atento das autoridades para que se consiga controlar a entrada do vírus. O Governo fez e continua a fazer a sua parte. Fechou as ilhas dentro do que foi possível, criou medidas para minimizar os impactos negativos do confinamento, desenhou outras medidas de estímulo da economia e agora preparou a retoma, salvaguardando sempre a saúde pública. Mas existem coisas que nenhum Governo consegue sozinho, por isso o papel de cada um de nós continua a ser importante, digo mesmo o mais importante, no cumprimento das regras que tão bem conhecemos e que devemos continuar a cumprir mesmo quando não nos sai da cabeça aquela falsa sensação de segurança.