Opinião

Turistas? Sim, para o meu hotel...

Nos últimos dias temos assistido a diversas entrevistas e opiniões publicadas de várias agentes com responsabilidades no sector turístico. Como ponto comum temos o facto de se defender que numa área económica super concorrencial... não se querer (mais) concorrência. Estranho? Não. Dizem eles que é para não massificar, descaracterizar e estragar. Tais eufemismos significam, em linguagem corriqueira, que os turistas são bem-vindos... se vierem deixar uns euros na minha empresa (hotel, alojamento local, restaurante, café ou animação turística) ou, quanto muito, para uns empresários que se afirmam mais justos, na minha ilha. Tal visão, para além de focada no próprio umbigo, demonstra que há uns ditos empreendedores que ainda não perceberam que os Açores “vendidos” como um todo, respeitando-se obviamente as especificidades e maravilhas de cada uma das 9 Ilhas, são garantia de maior sucesso... para todos! A complementaridade, empresarial e acima de tudo regional, não é um mero chavão. Não devia ser! Todos já deviam ter percebido que é preciso trabalhar, em parceria, por forma a tornar a estadia média superior aos atuais 3 dias e que esse “bem” (rendimentos aqui deixados por quem nos visita) seja repartido por mais do que uma ilha. Todos os agentes desta área crucial para os Açores já deviam ter percebido que fomentar, a maior parte das vezes em surdina, bairrismos bacocos só prejudicam a Região e, principalmente, não contribuem em nada para o objeto central: que o turista volte ou que recomende uma vinda aos familiares e amigos. O tempo que perdem a dizer (e bem!) maravilhas das Sete Cidades ou das Furnas podia, e devia, ser partilhado com igual entusiasmo a respeito da montanha do Pico, das fajãs em São Jorge, da cidade património mundial de Angra do Heroísmo, da furna do enxofre na Graciosa, das cascatas nas Flores, do caldeirão no Corvo, da praia formosa em Santa Maria, etc... etc... A visão integrada dos Açores nesta área de atividade é, temos consciência, ainda a exceção, sendo que ainda há muito caminho a percorrer para ficar claro a todos que o sucesso de um empreendimento local no Corvo não conflitua, por exemplo, com o sucesso de um empreendimento de 500 quartos em São Miguel. A natureza tratou de separar geograficamente o Povo Açoriano, mas é a nossa união na diversidade que nos torna um Povo único. Esta desejada comunhão interilhas devia ser um desígnio de todos. Reiteramos, de TODOS. Incluindo aqueles empresários cujas vistas não vão além do ilhéu de São Roque!