Opinião

O Rio corre sempre para o mar…

Manuel Alegre, o Poeta, aquando de uma de muitas passagens pela Ilha do Pico, escreveu, com uma lucidez ímpar, um poema intitulado “Tanto Mar” (dedicado a Cristóvão de Aguiar) onde imortalizou que “não há palavra com tanto mar como a palavra Açores”. Ora, Rui Rio, tendo em conta a novela mexicana de péssima qualidade em que transformou a feitura da lista do PSD às próximas eleições europeias, na Escola Alemã que frequentou nunca deve ter lido qualquer livro ou sequer poema de Manuel Alegre, o que se revelou numa copiosa derrota para o PSD/A e numa descabida secundarização dos Açores que serão (?!) representados em Bruxelas e Estrasburgo pela Sr.ª Cláudia Monteiro de Aguiar (por quem?) que terá no seu gabinete um(a) assessor(a) dos Açores (?!!). Esta opção política, muito para além a afronta pessoal ao Dr. Mota Amaral e desrespeito institucional pelo PSD/A demonstra, indiscutivelmente, a visão que Rui Rio tem do Povo Açoriano, da Autonomia e do papel das Regiões Ultraperiféricas. Rui Rio demonstrou, com as suas escolhas para o PE, que vê os Açores como um pequeno distrito de um apêndice do País e não, como julgávamos ser hoje em dia ponto assente, como uma Região Autónoma com órgãos de governo próprio e sob a égide de um Estatuto Político-Administrativo que materializa o regime autonómico consagrado na Constituição da República Portuguesa! Rui Rio, ao ter uma perspetiva da Região minimalista e não conforme à Constituição, demonstra uma conceção do território e dos diferentes níveis de poder em que está organizado politicamente o País inaceitável para quem, em pleno século XXI, pretende ser Primeiro-Ministro. Trata-se, sejamos claros, de uma visão atentatória dos legítimos interesses das Regiões Autónomas (“amanhã” será a Madeira a ficar com a fava) e, por conseguinte, de um inaceitável retrocesso que nos convoca, a todos os Açorianos, a uma resposta cabal e inequívoca no próximo dia 26 de maio. Os Açorianos terão, assim, a oportunidade de mostrar que a força do mar dos Açores suporta o caudal deste e de todos os Rios que, com maior ou menor extensão, com ou sem danos colaterais, acabarão inevitavelmente a desaguar, mansinhos, no mar…