Opinião

Brincar à política com a Educação

I. Com a Educação não se brinca. Muito menos à política. Mas a tentação, para alguma oposição, tem sido grande e a vontade de resistir, se e quando existente, sempre insuficiente. Por isso, não há estudo internacional, indicador nacional ou fim de ano letivo que não mereça na Região uma qualquer variante do clássico discurso crítico da oposição “bota-abaixista”. Com receio de serem mal compreendidos pelos alunos e seus familiares e de pagarem em votos qualquer reparo aos professores e aos seus representantes sindicais, os partidos especializados em derrotismo têm como único alvo no sistema educativo o Governo Regional e as suas decisões. Perante uma área que evoluiu geracionalmente, com um tempo de maturação de medidas e processos muito mais lento do que o tempo do comentário político, optam, mesmo assim, por considerar todos os progressos (quando se veem obrigados a admiti-los) como obra exclusiva dos agentes do sistema e cada insucesso como sendo responsabilidade única da governação. Seria, por isso, de supor que estivessem desejosos e motivados para, havendo oportunidade, cooperarem de forma ativa no esforço de melhoria do sistema educativo regional. Era perfeitamente legítimo que, face aos erros sucessivos que apontam, a cada ano letivo, às orientações políticas para o setor, acedessem ao repto lançado pelo Presidente do Partido Socialista no último Congresso Regional e se dispusessem a estabelecer um pacto estrutural para o setor. Puro engano. II. De março até ao presente, o PS reiterou por diversas vezes a sua disponibilidade para que as grandes linhas orientadoras da política de Educação na Região sejam resultado de um trabalho conjunto e articulado com a oposição. Sem resultados. Ora os partidos da oposição fingem que não ouviram, ora escondem-se atrás do passado, clamando que quem deve assumir as responsabilidades da gestão política do setor é quem tem exercido funções governativas, como se há oposição bastasse criticar e ajudar a governar fosse demasiado trabalho. Por outras palavras, não concordam, têm propostas alternativas, mas não estão dispostos a articula-las com o PS e a, com isso, procurarem melhorar a performance educacional da Região. Entretanto, vão criticando quando isso pode incomodar o Governo, tal como fizeram recentemente, a propósito da divulgação dos resultados dos chamados testes PISA, ou vão ignorando quando os indicadores são positivos, como aconteceu também há pouco tempo com a avaliação TIMMS. Desenvolvidos pela OCDE em ciclos de três anos, desde 2000, com alunos de 15 anos, os testes PISA visam avaliar a aplicação de competências de Leitura, Matemática ou Ciências na resolução de situações relacionadas com o dia a dia. Portugal registou na avaliação deste ano uma melhoria generalizada e suplantou a média dos 70 países envolvidos no estudo. Os Açores, por seu turno, depois de terem ficado de fora do estudo de 2012, optaram desta feita por uma avaliação em sobre amostragem (mais de 20% do total nacional de alunos), verificando-se uma melhoria geral dos resultados em relação à última edição em que a Região participou e uma subida no quadro das regiões portuguesas, ainda que os alunos açorianos permaneçam abaixo da média nacional. A oposição, que antes criticava o facto de a amostra de alunos ser muito reduzida, pondo em causa a fiabilidade dos resultados, que censurou a ausência da Região no estudo de 2012, que apontou negativamente o lugar ocupado pelos Açores no ranking nacional, agora, perante o suplantar destes obstáculos, continua a ver apenas calamidades, outras é certo, mas igualmente inultrapassáveis por incapacidade do Governo. III. O PS tem consciência de que os esforços desenvolvidos na área da Educação, promovendo uma escola pública inclusiva e uma política de combate ao insucesso escolar de largo espetro temporal, não são garantia imediata de sucesso eleitoral. Mas também sabe que essa é a forma mais responsável de garantir uma mudança sustentada e resultados sólidos. Os indicadores têm sido positivos, mas o que interessa é a capacidade de persistir sem ceder à pressão dos resultados do período letivo. A oposição ainda está a tempo de se juntar a este esforço.•