Opinião

Ao trabalho!

No passado dia 16 de outubro realizaram-se as eleições para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. Passados alguns dias, deste importante momento, de participação cívica e democrática, da nossa região, importa refletir sobre os resultados eleitorais. Em eleições livres, o povo nunca se engana! Mesmo quando vota de forma diferente daquela que esperávamos. Esta deverá ser a base de partida, para qualquer reflexão, sem a qual não seria possível inferir o que disseram os Açorianos, na síntese do voto, no passado dia 16 de outubro, elegendo 30 deputados do PS, 19 deputados do PSD-PPD, 4 deputados do CDS-PP, 2 deputado do BE, 1 deputado do PCP-PEV e 1 deputado do PPM. A nova configuração, do parlamento açoriano, reforça uma maioria clara do Partido Socialista (PS) dos Açores. Mesmo considerando algumas variações, pois na ilha Graciosa, ganha um deputado, na ilha das Flores perde um deputado, tal como na ilha de São Jorge apesar da diminuição do número de eleitos por este círculo eleitoral. Acreditamos que estes resultados advêm sobretudo da interpretação dos açorianos sobre a vida política regional, nomeadamente da perceção dos benefícios que adquiriram ao longo dos anos, em especial nesta última legislatura, resultado da prestação do parlamento e do governo regional, que estavam em avaliação direta, sendo de transposição difícil para outros atos eleitorais. Em traços gerais, é legítimo afirmar, os Açorianos reconheceram, no PS/Açores, o esforço no sentido de renovar as suas ideias, os seus projetos e os seus políticos, acompanhando e antecipando as mudanças, aprendendo com os erros, ouvindo com humildade, servindo com honestidade e determinação, na defesa dos Açores e da Autonomia. Apesar deste resultado esmagador, importa considerar que nem tudo foi feito, nem que nem tudo foi bem feito. A confiança demonstrada, para mais uma legislatura, que agora se inicia, deverá ser entendida como uma nova oportunidade para prosseguir neste entendimento. Neste ‘cenário rosa’, há um resultado que nos suscita particular atenção. O da ilha do Faial. O Faial foi o único círculo eleitoral, de toda a região, em que o Partido Social Democrata (PSD) foi o partido mais votado, contrariando inclusive tendências de atos eleitorais, das últimas décadas, de confiança renovada no Partido Socialista. Em relação à votação, constatamos que, este ‘novo cenário’, não advém de uma subida de votação do PSD, que manteve o seu resultado eleitoral de 2012, apesar da aparente contenção da queda de votação, que vinha a ser obtida, até então, nos sucessivos actos eleitorais. Esta reflexão suscita particular interesse quando, ocorre com a saída de um, ‘peso pesado’, cabeça de lista de há vários anos, que transportava a herança do último presidente social democrata, do governo Açoriano. Numa análise de percurso, mais localizada, verificamos que somente três assembleias de voto, da ilha do Faial, acompanharam a tendência regional: Praia do Almoxarife, Ribeirinha e Capelo, votando maioritariamente no PS. Contrariaram essa tendência, as assembleias de voto: do Salão, que manteve a sucessiva votação maioritária no PSD; os Cedros, Praia do Norte e Matriz que, tendencialmente votariam no PSD mas que, em situações muito próprias, deram a sua confiança ao PS; Castelo Branco, Feteira, Angústias, Conceição, Pedro Miguel e Flamengos que, apesar de algumas variações pontuais, alteraram o seu sentido de voto maioritário, com que suportaram as sucessivas vitórias do PS, verificadas em últimos atos eleitorais. Uma palavra final à abstenção. Excessivamente alta (59,16%). Apesar da necessidade de atualização dos cadernos eleitorais, que contêm muitos eleitores não residentes, marcou pela negativa os que, pelos mais diferentes motivos, registaram uma ausência de participação. Deverá ser alvo de uma alargada e profunda reflexão, em que destacaria os aspectos relacionados com a abstenção jovem. Contudo não deve, nem pode, desmerecer a forma como decorreu o acto eleitoral bem como, o inequívoco resultado verificado. Estão de parabéns os milhares de Açorianos que entenderam por bem, exercer o seu direito e o seu dever cívico. Ao trabalho!