Opinião

Militantes dos Açores

I. Pensar os Açores do futuro não pode ser um exclusivo dos partidos e daqueles que neles militam. A participação da dita sociedade civil no processo de reflexão que serve de base aos programas eleitorais e de governo é, por isso, um índice muito significativo da dinâmica da própria comunidade em causa, mas é também, de um outro ponto de vista, uma forma clara de aferir o empenho que cada força política coloca na sua ligação à envolvente social e a capacidade que tem para atrair pensamento qualificado. Há partidos que, ainda hoje, continuam a optar por um modelo fechado, sem espaço para participação externa, pensado de dentro para fora e de cima para baixo. Por opção ou por falta de opção, porque, para utilizar um sistema mais aberto e participado, é preciso cultivar regularmente uma lógica de aproximação aos não-militantes e um diálogo permanente com os vários setores sociais. Depois, há partidos que, recorrendo predominantemente a militantes, dirigentes e ex-governantes, colocam um ou outro cabeça-de-cartaz independente e acentuam esse facto como se estes representassem, por questões de conveniência organizativa e de eficiência do processo, milhares de outros igualmente desejosos de participar. E depois há o processo que o PS tem em curso nos Açores. II. Envolvendo apenas um representante partidário – o coordenador executivo -, com funções de articulação entre os vários especialistas temáticos e as exigências específicas de um programa eleitoral, o PS Açores convocou diversos açorianos independentes, com formação específica e de qualidade, para ajudarem a definir a Região que queremos ser. Ninguém lhes perguntou as suas preferências partidárias, porque a única militância relevante, neste caso, é a da causa açoriana. Envolvendo áreas que vão da Coesão Territorial à Inovação e Investigação, ou da Economia Tradicional e Emergente à Atratividade Regional, os vários coordenadores temáticos que acederam a colaborar com o PS estão, na sua maioria, na casa dos trinta anos de idade, representam várias ilhas da Região e até a Diáspora açoriana e têm em comum uma contagiante vontade de contribuir para uma reflexão aprofundada e sem amarras sobre a melhor estratégia de desenvolvimento para a nossa terra. Na prática, e a par de uma sessão temática por ilha, foi também criada uma plataforma eletrónica para que qualquer cidadão que queira participar no debate, transmitir uma ou mais ideias e propostas sobre os temas em análise ou até mesmo partilhar as suas convicções políticas, o possa fazer de forma consequente e imediata. III. Está tudo em aberto neste contributo independente para o futuro da governação dos Açores. Como prova disso, tivemos já conferências em que se falou da escola aberta ou de administração participada, ou ainda de desenvolvimento inteligente aplicado à unidade ilha, entre outros temas desafiantes. O PS acredita firmemente que é assim que se renovam os horizontes da governação, que se re-estabelecem prioridades e metas, que se redefinem respostas políticas. Outros preferem, com base na mesma lógica salvífica de sempre (ainda sem conseguirem perdoar aos Açorianos o facto de serem oposição há 20 anos) reduzir tudo a um milagre, fazendo crer que é só por existirem que a Região tem futuro. Nós preferimos apostar nas vantagens de motivar, de envolver, de unir, todos os Açorianos em torno de um projeto comum de desenvolvimento.