Opinião

Uma declaração inadmissível

O presidente do PSD-Açores concluiu recentemente uma viagem de sete dias aos Estados Unidos da América e ao Canadá. Duarte Freitas cumpriu uma agenda de contactos institucionais e reuniões partidárias onde proferiu diversas declarações que oscilaram entre a mera cortesia e a banalidade pretensiosa. A única exceção prendeu-se com a abordagem conferida à Base das Lajes, numa declaração proferida já com Duarte Freitas de regresso aos Açores. Conforme foi relatado na imprensa regional, Freitas fez uma declaração inacreditável que nem o cansaço pode desculpar – “ou os americanos usam as instalações ou limpam aquilo que lá deixaram, incluindo questões ambientais”. Ao longo do processo de diminuição da presença militar americana nas Lajes, os EUA não foram insensíveis aos argumentos da Região. O Governo Regional revelou grande empenho neste dossiê e tratou o assunto sempre com o maior cuidado. Em particular o presidente Vasco Cordeiro revelou-se como um negociador muito habilidoso em iniciativas inéditas, junto de políticos e instituições norte-americanas. Foi por isso que se chegou a uma solução melhor e mais justa do que a inicialmente anunciada. Basta referir que dos 395 trabalhadores civis portugueses que serão dispensados nenhum será despedido. Todos os casos foram objeto de acordo mútuo entre os trabalhadores e os EUA. Porém, o dossiê da Base das Lajes continua a ser sensível. A Região mantém várias pendências com os EUA. Uma delas é precisamente a questão ambiental, nomeadamente as operações de descontaminação de solos nas imediações da Base cuja responsabilidade é dos norte-americanos. É por isso que a declaração de Duarte Freitas é completamente irresponsável. Na prática, a tradução do que Duarte Freitas afirmou é o seguinte: ou os americanos se mantêm na Base das Lajes e o PSD esquece a questão da limpeza dos solos contaminados; ou se quiserem mesmo sair então como retaliação têm de descontaminar os solos. A declaração de Duarte Freitas sobre a Base das Lajes é inadmissível e indigna. O presidente do PSD perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado