Opinião

Era bom

Acender a televisão ou abrir um jornal é, hoje, depararmo-nos com uma parafernália de informação que, não desmerecendo a bondade de muita dela, se entrosa num burburinho confuso que proporciona, muitas vezes, desvios à atenção do espetador ou leitor. A facilidade do acesso à informação e o imediatismo com que lidamos no nosso dia-a-dia também contribuem para um assoberbar de notícias e não-notícias que, não pouco frequentemente, cansam o recetor no processo de seleção que se vê obrigado a operar constantemente. Mas há sempre notícias que merecem ser salientadas, ponderadas e comentadas, a nível internacional, nacional e regional. Na passada semana, o Canadá consagrou JustinTrudeau como Primeiro-Ministro. É sempre um bom sinal dos tempos quando se elegem políticos que fizeram da sua juventude um trunfo, contradizendo cânones sociais complexos e profundamente enraizados na comunidade. Espero que os sinais positivos que Trudeau deu na cerimónia de juramento como Primeiro-Ministro tenham a devida continuação e que possam servir de mote a muitos outros países. A constituição de um Governo perfeitamente equilibrado em termos de género e que representa as várias camadas da população canadiana pode ser, para muitos, entendida como uma jogada populista. A meu ver, populista ou não, foi um ato de correção que por muitos deveria ser reproduzido, salvaguardadas que estejam a competência e a justiça nas atribuições dos cargos, claro está. A igualdade não o deve ser só “porque sim”, mas porque são reconhecidas no momento as reais capacidades de cada um, não favorecendo ou desfavorecendo ninguém em função do género ou qualquer outra qualidade. Segundo um comentário que li algures, Trudeau fez mais pela igualdade no Canadá no espaço de um dia do que Stephen Harper fez em quase dez anos. Veremos se, como sempre fez, mantém pulso firme na defesa do direito à interrupção voluntária da gravidez e em outras questões polémicas. Esperemos que sim. E que sirva de exemplo de que “a idade não é posto” e que os jovens têm muito para dar, se neles se depositar a devida confiança. A nível nacional, mantém-se na primeira linha o assunto que todos os dias abre os telejornais. Na altura em que este artigo é escrito, ainda decorre o debate sobre o Programa de Governo. Ou melhor…decorre o debate onde era suposto debater-se o Programa de Governo. Deputados houve que, no entanto, optaram por debater o porquê de António Costa intervir ou não, desperdiçando todo um primeiro dia à volta disto. Os Portugueses merecem melhor. Precisam de estabilidade e de correção. Convinha que quem tem assento na Assembleia da República e quem se senta na bancada do Governo se lembrasse disso mesmo. Os Portugueses querem saber do seu futuro, das medidas que os irão afetar positiva ou negativamente. Já estão cansados de tanta indefinição quezilenta que para nada de bom contribui. Precisam de alguém que governe, no real sentido da palavra. Por cá, Duarte Freitas defende que as áreas prioritárias do debate para o Plano e Orçamento de 2016 são a saúde, o emprego, os transportes e a agricultura. Um pouquinho redutor, tendo em conta a respeitável dimensão daqueles documentos, mas claro que está no seu direito de assim o considerar. E também já todos nos habituámos à visão de funil que o líder do PSD/A tem da realidade, por isso não há aqui novidade nenhuma. Entretanto, Freitas e restante séquito vão mandando as tradicionais farpas banais que geralmente caem pelo caminho, remetendo para o plano da desimportância as coisas que realmente interessam aos Açorianos. Era bom que gastassem mais do seu tempo com essas. Mas se calhar é pedir demais