Opinião

Eleito com base numa batota

Quando andava em campanha para chegar ao governo, Passos Coelho expressou muitos compromissos que não foi capaz de cumprir. O que era uma certeza em 2010 e em 2011, passou a não valer nada, tal como a sua palavra, conforme se pode ver, se compararmos o dito com o feito. Em primeiro lugar afirmou que, se chegasse ao governo garantia que não seria necessário despedir pessoas nem cortar salários para sanear o sistema Português. Mas a dura realidade mostra-nos que não só despediu milhares de funcionários públicos como também cortou salários e, mais grave ainda, atacou cobardemente as reformas e as pensões dos que já muito tinham dado ao seu País. Tomou decisões, como o aumento do IVA da restauração, que atirou para o desemprego outros milhares de cidadãos. Afirmou também que ninguém o veria a impor sacrifícios aos que mais precisavam e que seriam os mais ricos a ajudar os que menos tinham. O que se viu foi precisamente o contrário. Os mais frágeis foram marginalizados, devido aos enormes cortes nos apoios sociais que atiraram muita gente para a pobreza extrema enquanto o número de ricos cresceu consideravelmente nos últimos quatro anos. Nesta tirada de intenções referiu também que o estado iria cortar nas gorduras e poupar, ressalvando que a austeridade seria para o estado e não para os cidadãos. Pode ser que o estado tenha reduzido alguns encargos, mas a grande fatia da austeridade recaiu sobre os Portugueses, sobretudo os mais pobres, ao contrário do que advogava Passos Coelho. Disse ainda que não iria mexer nas taxas do IVA, mas logo a seguir às eleições aumentou da taxa de bens de primeira necessidade, como a eletricidade e o gás, criando um enorme impacto negativo no rendimento das famílias com menos recursos. Se fizermos uma retrospetiva do que se passou nos últimos quatro anos, rapidamente nos apercebemos que o líder do PSD fez exatamente o contrário do que anunciou quando se apresentou às eleições em 2011. Passos Coelho, e esta ilação não surpreende ninguém, faltou à verdade aos Portugueses. Disse uma coisa e fez outra. Conclui-se que Passos Coelho foi eleito com base num logro. Fez batota, descaradamente, apenas para chegar ao poder e isso não merece perdão.