Opinião

Compatíveis e desimpedidos

A Comissão de Inquérito aos Transportes Aéreos voltou a reunir com as presenças dos deputados do PS que, tendo sido governantes, nunca seriam “incompatíveis ou impedidos”, por não terem sido tutela dos transportes aéreos, afinal como qualquer dose de bom senso poderia prever. A má comunicação social pública, tendo sido diligente na notícia da interrupção dos trabalhos e na focalização nos deputados-alvo, neste momento, “esqueceu-se” de divulgar com a mesma diligência “o desimpedimento e a compatibilidade” desses deputados. Mas, este episódio teve propósitos mais ou menos inconfessáveis e consequências visíveis para muitos. Adiamento do términus dos trabalhos da comissão, pagamento a peso de ouro por um parecer jurídico e imagem pública pouco abonatória para a instituição Parlamento. O adiamento dos trabalhos seria sempre possível por razões ponderosas que agora surgiram pela interrupção escusada da comissão. Se alguém pensou que o relatório final, aparecendo mais tarde, poderia melhor servir propósitos partidários, trilhou caminhos ínvios que a verdade se encarregará por secundarizar. Esta oposição perde-se nas minudências inconsequentes e, acaba sempre por revelar-se como merecedora do lugar que o povo açoriano lhe atribui desde 1996. Curiosamente, os que foram apresentados como supostos motivos de “suspeitas de incompatibilidades”, nas palavras da péssima informação diária da RTP Açores ou nos “takes e RM´s truncados” de outros, não tiveram direito ao contraditório, como aliás é habitual, e, pior ainda, simplesmente, à notícia atualizada: afinal os deputados do PS são “compatíveis e desimpedidos”. Quem exerceu cargos governativos durante vários anos não se “comove” com o jogo partidário e também sabe que alguma informação bastas vezes representa “má formação”. Independentemente disso, como vamos entrar em vários períodos eleitorais seria desejável que, sobretudo, os OCS públicos redobrassem os cuidados para “não levantarem suspeitas” de falta de rigor. Quanto à Comissão de Inquérito, espera-se, de novo, trabalho profícuo, sem sobressaltos comezinhos de “deputados duvidosos” que, impensadamente, podem penalizar a instituição Parlamento Regional. Como tem sido timbre desta coluna, sem tibiezas, escrevo, mais uma vez, na qualidade de deputado “compatível e desimpedido”.