Opinião

Autonomia sectária e desleal

Autonomia sectária – O PSD Açores tornou público que iria realizar sessões de sensibilização e explicação sobre o sistema autonómico e sobre a importância da autonomia dos Açores nas escolas profissionais. Tal iniciativa seria meritória e interessante, mesmo não sendo inovadora, não fossem as notícias posteriores sobre o que aconteceu na primeira dessas sessões. Segundo foi tornado público pela comunicação social, o deputado Duarte Freitas aproveitou um momento que seria de explicação e de abordagem séria e factual ao processo de construção autonómica, para fazer uma espécie de comício contra o Governo dos Açores e contra o Partido Socialista, o que, segundo consta, incomodou muito quem se dirigiu ao evento de forma genuína e bem intencionada para melhor perceber e mais aprender sobre o nosso sistema autonómico. O PSD Açores enganou os presentes, aproveitando um momento que seria de pedagogia positiva sobre tão importante conceito como é a autonomia regional, para fazer uma abordagem sectária e uma instrumentalização político-partidária lamentável. Autonomia desleal – Também sobre este tema o PSD Açores deu provas de grande deslealdade institucional recentemente. A Presidência da Assembleia Legislativa criou um grupo de trabalho com todos os partidos políticos para definir de que forma serão assinalados os 40 anos da autonomia dos Açores, criando assim uma plataforma pluripartidária que defina o modelo das comemorações de tão importante data. Depois de todos estarem devidamente informados sobre esse propósito e de a Conferência de Lideres do parlamento dos Açores concordar por unanimidade com a referida metodologia, o PSD Açores anuncia e entrega no parlamento duas iniciativas legislativas, propondo de que forma essas comemorações deveriam decorrer, dando-lhe o respetivo ênfase mediático e propagandista. Esta atitude representa um desrespeito pela Presidência da Assembleia e por todos os partidos políticos e representa um oportunismo político-partidário lamentável tendo em conta o que está em causa. Tal como a Constituição da República é hoje uma das mais importantes manifestações da nossa soberania, a nossa autonomia protegida na Constituição tem de ser a fortaleza preservada onde construímos formas alternativas de solidariedade e de desenvolvimento. Somos todos chamados a agir nesse contexto. E os agentes do sistema político dos Açores têm especiais responsabilidades nesse processo. Não fazê-lo de forma séria e responsável será um ótimo contributo para aqueles que desconfiam das autonomias e tudo fazem para descredibilizá-las. Com estas atitudes, o PSD Açores deu-lhes esse ótimo contributo.