Opinião

Acessibilidades

A Conferência de Presidentes das Regiões Ultra Periféricas (RUP) teve dois momentos iniciais significativos: i) 1ª reunião em Guadalupe, em 1995, onde se estabeleceu a base jurídica de apoios a estas regiões e ii) em 1999, quando os presidentes das RUP, num memorando subscrito em Cayenne, explicitaram os princípios-base de ação para o estabelecimento de uma estratégia de desenvolvimentos das regiões. A inscrição na agenda da competitividade e do desenvolvimento passou a priorizar as acessibilidades em territórios descontínuos. Separados por 600 Km de descontinuidades atlânticas que geram deseconomias, entre o Corvo e Santa Maria esta distância corresponde, pelo mar ou pelo ar, a metade da largura da Alemanha e um pouco mais do que o comprimento de Portugal Continental. Bastaria imaginar este mapa real para se compreender o papel e o valor das acessibilidades. Após 1996, houve três grandes reformas nas acessibilidades. Nas terrestres com a construção e reabilitação de mais de 1000 Km na rede viária regional, nas marítimas com a re-ligação das 9 ilhas por meio de navios e a 3ª recente e “não-proibitiva”ligação aérea dos Açores com o exterior que agora se inicia. São marcos muito significativos na quebra do nosso isolamento intra, inter-ilhas e na aposta biunívoca entre “os Açores e lá fora”. Este período crucial de ligação dos Açores com o exterior necessita de monitorização permanente. Neste quadro, espera-se que a SATA afine quotidianamente as suas próprias vantagens competitivas. Às vezes, com pequenos sinais, por exemplo, não se entende por que razão um açoriano numa viagem com bilhete de promoção tenha que ficar um mínimo de quatro dias fora da região! Para pagar estadia fora dos Açores? O contrário já se percebe porquanto se as promoções para os Açores contemplarem a necessidade de se permanecer mais dias nas nossas ilhas, então ficaremos a ganhar com isso. A questão dos reencaminhamentos vai também suscitar a atenção para eventuais usos ou abusos desta situação. Como esta terceira reforma só agora se iniciou, nestas como em outras dimensões é tempo de vigilância e aprendizagem permanentes. PS. - O Secretário de Estado dos Transportes na sua ”feição de política partidária fuinha” veio aos Açores, num inédito de mau-gosto, explicar vantagens e banalidades como se aqui também não tivéssemos a 4ª classe. Esqueceu-se de dizer porque retiveram na gaveta a reforma aérea durante três anos...