Opinião

Nova fase

Por estes dias, os Açores entram numa nova fase em dois sectores fundamentais da nossa actividade económica. 1 – Fim das quotas – A partir de agora deixam de existir quotas para a produção de leite. Passamos a integrar um mercado sem qualquer limite à produção, ao contrário do que acontecia actualmente no espaço comunitário. Esta abertura total levanta muitas incertezas num sector muito relevante para a nossa dinâmica económica mas não deixa de ser, também, uma oportunidade e um grande desafio. Num tipo de produto como este, o consumidor valoriza pressupostos que entroncam perfeitamente nos conceitos de qualidade e de sustentabilidade ambiental associados à produção dos Açores. Isto é uma mais-valia significativa no mercado global. Mas certamente que não chega. O apoio comunitário nesta fase de transição e a capacidade de manter e alargar parcerias que garantam o escoamento do produto para o mercado, sem perda de competitividade serão determinantes. A isto tem de ser associado os bens de valor acrescentado que fazem a diferença no mercado e que nos diferenciam dos outros. No dia em que é publicado este artigo de opinião estamos na Ilha de São Jorge a fazer um conjunto de visitas e reuniões com as Cooperativas daquela Ilha, inteirando-nos da situação actual e do processo de estabilização financeira interna que permite encarar o futuro com mais confiança. O queijo ali produzido é um desses bons exemplos que nos pode beneficiar em grande escala neste novo quadro pós-quotas. Recordamos que nas várias visitas que fizemos ao longo dos últimos anos a vários intervenientes na fileira do leite, perguntámos sempre a mesma coisa – “Se mais quota houvesse, mais se produzia?”. A resposta foi sempre afirmativa. Temos capacidade instalada, vontade e margem de crescimento. As incertezas são muitas e os factores externos muito voláteis. Nada pode ser dado por garantido. Mas a consistência do caminho feito até aqui, a manutenção dos padrões de qualidade da nossa produção e o grande empenho dos nossos produtores ajudam a encarar esta nova fase com confiança. 2 – Nvas obrigações de serviço público – Começa, também, uma nova fase no sector dos transportes aéreos. A liberalização do espaço aéreo com a entrada de novas companhias a operar para a Região e a existência de tectos máximos no preço do bilhete. 134 euros nos residentes e 99 euros nos estudantes. Esta é uma transformação enorme que, certamente, trará ganhos significativos para o futuro, quer ao nível da captação de mais turistas, quer ao nível da redução do esforço financeiro das famílias açorianas nas deslocações para fora da Região. Acreditamos que este novo modelo vai ser positivo para todas as Ilhas da Região. Mas que não se julgue que a entrada de novas companhias e a redução de preços será a cura para todos os males. Basta ver os indicadores pós-liberalização da Madeira para perceber que existem outros factores que condicionam este sector. Todos os intervenientes do sector têm de continuar a trabalhar muito para estar à altura de tamanho desafio e para garantir uma oferta condicente com o expectável aumento de visitantes e com as expectativas geradas sobre um destino como os Açores.