Opinião

Viagem Autonómica

Há dias vi um folheto com a calendarização de uma mostra de cinema ao ar livre do filme A Viagem Autonómica que está a percorrer todas as ilhas dos Açores. O conteúdo, o tema e a forma como está construído fazem deste filme um excelente documento sobre a história da construção da Autonomia dos Açores que deveria ser visto por todos os açorianos e exibido em todas as escolas da Região. Numa altura de rentrée política depois do mês de Agosto, este filme leva-nos a reflectir sobre o caminho que fizemos até aqui e, sobretudo, sobre o caminho que temos pela frente, na continuação da nossa Viagem Autonómica. Vivemos num tempo de excepção que exige muito aos agentes do sistema político. Um tempo que exige responsabilidade, coragem, compromisso e consistência intelectual e política. O momento não se coaduna com superficialidades e com narrativas circunstanciais inconsistentes. Não se coaduna com propostas mal feitas e mal preparadas apresentadas com pompa e circunstância para a comunicação social mas que, depois de “espremidas”, verifica-se que pretendem encontrar petróleo nas ilhas. Não se coaduna com discursos hipócritas sobre ajudar quem mais precisa alterando os escalões do IRS e que, contas feitas, essas alterações propostas faziam com que quem ganha mais pagasse menos. Não se coaduna com anúncios de acções diplomáticas “ao mais alto nível” que incluem audiências com congressistas já falecidos. Não se coaduna com “tácticazinhas” medíocres e fait-divers de maledicência e desgaste pessoal que não constroem nada de positivo para o futuro. Não se coaduna com estas posturas, que acrescentam pouco à continuação de uma viagem autonómica bem-sucedida. As dificuldades são muitas, os desafios são enormes, e portanto exige-se que todos estejam à altura do momento, com responsabilidade e com verdade, qualificando a democracia, valorizando a actividade política ao serviço das pessoas e, desta forma, dignificando as nossas Instituições Autonómicas e respeitando as gerações anteriores que lutaram pelo início desta extraordinária Viagem. É para isso que trabalharemos, como sempre, prosseguindo a nossa Viagem Autonómica, que certamente terá sobressaltos, obstáculos e dificuldades, mas que nos levará a novos horizontes e a novas fronteiras, a bem dos Açores.