Opinião

De luva branca

Consumada que foi a confiança que os Açorianos tornaram a depositar no Partido Socialista, o Executivo Regional liderado por Vasco Cordeiro não perde tempo. O Presidente de todos os açorianos respondeu com toda a classe aos agoureiros do costume, que vaticinavam que o Governo de Vasco seria um “governo fantoche”, um “governo de continuidade” ou simplesmente uma “operação cosmética”. Sem grandes dilações, Cordeiro apresentou um Executivo fresco, no qual apenas repete Sérgio Ávila como Secretário Regional. Trata-se pois de um Governo renovado: em carreira política e em idade. Piedade Lalanda (51), Luís Mendes Cabral (33), Luiz Fagundes Duarte (58), Vítor Fraga (42), Luís Neto de Viveiros (54) e Rodrigo Vasconcelos de Oliveira (36). Para a Presidência da Assembleia Legislativa Regional, outra ousada jogada: a escolha recaiu sobre Ana Luísa Luís, de apenas 36 anos de idade – mas cujo percurso profissional fala por si: economista e ex-Presidente da Sociedade de Promoção e Reabilitação de Habitação e Infra-estruturas. O Grupo Parlamentar do PS apresenta uma média de idades que rondará os 40 anos de idade, integrando estreantes com parlamentares experientes, alguns deles independentes. Ao leme continua Berto Messias - jovem e versado. À data a que escrevo, não são ainda conhecidos os Diretores Regionais, mas suspeito fortemente que obedecerão a esta lógica de renovação com confiança. Tendo dez dias de prazo para entregar o programa para a XI Legislatura Açoriana, Vasco Cordeiro apresenta-o logo no primeiro dia. Prova de que se apresentou a sufrágio com propostas concretas, sabe o que quer e está preparado para os desafios que se impõem aos Açores. Nos primeiros dias de mandato, Vasco Cordeiro cumpre outra promessa eleitoral: na orgânica do seu governo elimina três Direções Regionais “cortando gorduras”, como o Governo da República gosta de dizer, mas não de fazer. Temos, pois, boas condições para superar com sucesso os desafios que se adivinham. Que passam pela defesa da Autonomia, já que no continente parece reinar o centralismo e as privatizações ao desespero – quase sempre mau negócio para Portugal, em que muitas vezes os Açores não são tidos nem achados. Veja-se, a título de exemplo, a privatização do Aeroporto de Santa Maria, que na prática representa a concessão de 10% da superfície da ilha a privados. Nos Açores, e no seguimento daquilo que foi uma campanha reconhecidamente irrepreensível, Vasco Cordeiro prepara-se para quatro anos de mandato que se conjeturam duros. E dá uma chapada de luva branca a todos os que nele pintaram um alvo.