Opinião

A vitória dos Açores

O resultado das eleições regionais foi claríssimo, não deixando margem para dúvidas. A maioria clara de que falava Vasco Cordeiro foi dada pelos açorianos sem rodeios. A abstenção desceu revelando interesse por estas eleições em particular, os partidos de direita foram fortemente penalizados. E a razão não pode ser assacada como muitos agora querem fazer crer ao desgoverno da República. Foi um resultado claríssimo que reforçou o Partido Socialista, o único grande vencedor da noite eleitoral. O PSD, tendo perdido, conseguiu ainda assim mais 7.000 votos do que em 2008 e mais dois mandatos, todos os outros partidos desceram. Os próximos quatro anos serão difíceis, provavelmente uma das legislaturas mais difíceis da autonomia. O presidente eleito pelos açorianos terá de manter as promessas feitas e, com a humildade que o caracteriza, saberá fazê-lo. Os açorianos perceberam seguramente esta mensagem de genuinidade que caracterizou o discurso de campanha de Vasco Cordeiro. Sem megalomanias, foi cauteloso nas promessas e parcimonioso nos anúncios. Não colocou a fasquia demasiado alta para que hoje, depois de vencer, lhe faltasse a perna para o salto. Não fez exigências, nem cantou de galo. Outros fizeram e os açorianos deram-lhes a resposta à altura. O tempo que viveremos exige estas características. Serenidade, parcimónia, um timoneiro firme, que defenda os Açores no mar agreste duma república centralista e dominadora, historicamente avessa às autonomias, e oportunisticamente desejosa de a subverter. O novo presidente do governo tem a seu favor muitas qualidades pessoais e políticas mas tem uma conjuntura adversa. O povo colocou a fasquia muito alta. A responsabilidade é por isso muito grande. Justamente nos momentos mais difíceis se avaliam os grandes feitos. Temos homem para tanto. Porque os Açores precisam e porque os açorianos merecem.