Opinião

Parecenças

Quer ir às ilhas todas mas não sabe se consegue. Os corvinos bem podem esperar por isso, mas o mais certo é que não vá… Aposto que tal como Passos Coelho não virá aos Açores, Berta Cabral não irá ao Corvo. Quando já parecia ter dito tudo, a candidata do PSD/Açores surpreende-nos com mais estas: numa tarde o Primeiro -Ministro é o amigo da Autonomia que não merece ser culpado, à noite já não têm nada a ver um com o outro, não são parecidos, (quase nunca se viram). Na manhã seguinte, novo argumento: Passos Coelho é bombeiro e precisa de ajuda, mas não dela… (Chega a ser confrangedor. Faz doer a alma.) De promessa em promessa a candidata do PSD/Açores faz lembrar exatamente quem não quer que pareça. Diferentes no género, no corte de cabelo e no sotaque, mas com os mesmos argumentos, Berta Cabral e Passos Coelho são velhos companheiros de um partido velho que foge aos novos para manter o seu estatuto, alicerçado na insignificância de palavras timbradas em cartaz. Ora, a experiência de três décadas em funções políticas, tendo já celebradas as bodas de prata, devia trazer a Berta Cabral outro ar, que não essa personificação de uma “Sara Palin açoriana”, que pede a mudança, mas que não a consegue, nem sequer no discurso… A campanha eleitoral que agora decorre faz-se em circunstâncias muito particulares. Não deve a candidata perder tempo a explicar que não é Passos Coelho. O que é que isso interessa? À vista de 9 ilhas, neste arquipélago açoriano, será mesmo verdade que Berta Cabral não tem mais nada para dizer aos eleitores, que não seja “alguém me acha parecida com o Dr. Passos Coelho?” O que faz Berta Cabral perder tempo com isso? E a Via Açoriana? Porque não comenta? Seria muito mais interessante percebermos que objectivos quer traçar para passarmos a actual crise, não sacrificando as famílias, as pequenas e médias empresas, os funcionários públicos, os trabalhadores, os jovens, os reformados e os pensionistas? No fundo são estas questões que interessam. Mas Berta Cabral não as vai responder. Não porque não saiba. (Acredito que sabe). Mas não quer. É muito mais fácil distrair os eleitores com tricas partidárias ou chavões do tipo “Região Económica” … É muito mais fácil (repito) passar o tempo a dizer se está de acordo ou não com o Primeiro-Ministro, a comentar as declarações de António Borges ou as mostrar as ilhas a Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa. Enquanto isso o tempo vai passando e daqui a dias são as eleições. Passado o dia, se ganhasse, Berta Cabral diria: “amigo Passos, não há quem saiba mais sobre as Autonomias do que tu!”E depois no tempo que ainda falta para as eleições autárquicas, ainda convencia José Manuel Bolieiro a dar a Passos Coelho a chave de ouro da cidade. Com o PSD/Açores de Berta Cabral, a mandatária de Passos Coelho, já percebemos: não há hoje, pode não haver amanhã e a dúvida que persiste é se ontem existiu mesmo ou não? Depende.