Opinião

O PSD tem de pedir desculpa aos açorianos

As supostas reformas que estão a ser feitas no País não podem ser abordadas nos Açores da mesma forma que são abordadas no Continente ou até mesmo na Madeira. Deve imperar o respeito e a compreensão pelas nossas especificidades e pelas dificuldades que daí resultam. O Partido Socialista e o Governo Regional têm promovido sempre o diálogo institucional necessário e importante com o Governo da República. Independentemente do Partido que governa o país, sempre assim foi e sempre assim será com o Governo do Partido Socialista nos Açores. Mas não podemos aceitar esta vontade de uma espécie de desmantelamento das funções de soberania que o Estado tem na Região Autónoma dos Açores. A situação da Universidade dos Açores, a RTP/Açores, o novo mapa autárquico, o encerramento dos Serviços de Finanças da Calheta, os Tribunais da Povoação e Nordeste, o cabo de fibra óptica para o Grupo Ocidental ou o financiamento da formação dos elementos da Polícia de Segurança Pública nos Açores constituem alguns desses exemplos. É preciso firmeza e responsabilidade na defesa dos Açores contra as tendências centralistas que se têm verificado no desmantelamento dos serviços do Estado na Região. Não é aceitável que se esteja permanentemente a culpabilizar o passado recente da vida política nacional para não discutir, de forma séria, estas questões e para escamotear a responsabilidade partidária que se tem nestas medidas. Não é aceitável apresentar propostas e mesmo iniciativas parlamentares que não propõem nada, não concretizam nada, são incipientes e servem, apenas, como manobras de diversão para tentar enganar os Açorianos, para ficar bem perante o partido em Lisboa e para ser conivente e cúmplice dos interesses de Lisboa como tem feito o PSD/Açores e a sua candidata às próximas eleições regionais. As contradições e os silêncios cúmplices do PSD Açores têm sido bem evidentes, o que aliás não nos surpreende. Recorde-se que a Dra. Berta Cabral foi a mandatária do Dr. Pedro Passos Coelho nas eleições internas do PSD e por isso uma convicta apoiante das suas políticas. Em Maio de 2011, afirmava que “Pedro Passos Coelho é o Primeiro-Ministro que Portugal precisa e que os Açores merecem”. Como se os Açorianos merecessem todos estes cortes! Desde então, não mostrou qualquer sinal de arrependimento por estas afirmações que são, diariamente, desmentidas pelo esvaziamento do Estado nos Açores e pelas duríssimas medidas que estão a tornar mais dura a vida dos açorianos. Não bastam, assim, declarações de intenções, ou soluções avulsas apenas para controlo dos danos que Lisboa quer provocar. Exige-se, por isso, que o PSD Açores peça desculpa aos açorianos.