Opinião

Reaprender a esperança

A prenda de Natal mais desejada em 2011 foi seguramente a esperança. Quando soarem as doze badaladas que inauguram o novo ano o que importa verdadeiramente renovar é a esperança no futuro e o orgulho em ser português. Na verdade será a esperança que poderá em 2012 fazer correr os portugueses. Confrontados no governo do país com um primeiro-ministro desistente que, baixando os braços, reconhece a sua incapacidade para animar o país e fazer funcionar a sua economia. Um primeiro-ministro que, reconhecendo-se incapaz, resolve sugerir aos portugueses que emigrem. Garantindo com a costumada inabilidade, que nada mais pode fazer por eles. Os tempos são difíceis mas a esperança que deve nortear o pensamento não o faz porque não se dá aos portugueses um lampejo de esperança, um sinal de que há uma luz ao fundo deste longo túnel. Por isso quando as luzes se amortecerem para voltarem com a passagem da meia-noite resta a certeza de que vale a pena continuar por aqui. O que sobra da magia desta noite são os desejos seguros no futuro. Não podendo ser seguros, podem seguramente ser desejos. E os desejos fazem-se para se cumprirem. Façamos todos nesta última grande noite o desejo de que 2012 possa ser melhor do que 2011 foi, de que possa ser diferente, de que possa ensinar-nos a reavivar a esperança que nos querem fazer perder. E esta é mesmo a última que se pode perder. Apesar da coligação Merkozy, apesar de Passos Coelho, apesar da ameaça que pende iminente sobre a Europa, apesar dos pesares eis que chega um ano novo e devemos encará-lo com a mesma esperança que renovamos por esta altura todos os anos. Precisamos urgentemente de reacender a nossa esperança e de a devolvermos a nós próprios com vigor, sob pena de, ao não o fazermos, sermos co-responsáveis pela sua extinção.