A deputada socialista Sandra Costa Dias criticou hoje, no Parlamento dos Açores, os cortes significativos previstos no Plano e Orçamento para 2026 nas áreas da ciência, inovação e transição digital, afirmando que o Governo Regional “retira recursos precisamente àquelas áreas que garantem competitividade, autonomia tecnológica e resiliência económica à Região”.
Na sua intervenção no debate das propostas de PO 2026, Sandra Costa Dias lembrou que os próprios indicadores oficiais revelam fragilidades profundas no ecossistema científico açoriano. “A despesa em Investigação e Desenvolvimento representa apenas 0,5% do PIB regional, quando a média nacional é 1,7%. Temos apenas 4,1 investigadores por mil habitantes, um terço do valor nacional”, destacou, sublinhando que estes números demonstram “um ecossistema pequeno, frágil e insuficientemente apoiado”.
Em vez de reforçar estas áreas estratégicas, o Governo Regional opta por cortes “devastadores”, designadamente, uma redução de 45% na Transição Digital, equivalente a quase 4 milhões de euros, e um corte de 26% no apoio à comunidade científica, mais de um milhão de euros. “São cortes devastadores, feitos contra toda a lógica económica, contra toda a evidência, contra o futuro da Região”, afirmou.
Sandra Costa Dias alertou que estas escolhas políticas têm impacto direto na vida das empresas, dos trabalhadores e das famílias: “Num mundo que acelera, a Região abranda. Quando a economia global exige qualificação, modernização e inovação, este Governo recua”.
A parlamentar apontou ainda a falta de articulação e de visão estratégica nos parques tecnológicos e empresariais, sublinhando que muitos perderam o papel estruturante que deveriam ter no apoio à inovação e à ligação entre empresas e academia. Reconheceu, no entanto, o bom exemplo do TERINOV, “prova de que quando existe visão, continuidade e planeamento, a inovação acontece e o emprego qualificado cresce”.
Sandra Costa Dias contrastou esta postura com a do Governo da República, que reforçou o PRR na área da inovação em mais de 470 milhões de euros, realocando verbas para garantir execução e impacto: “Isso é pragmatismo. Nos Açores, pelo contrário, enfraquece-se o motor da inovação quando mais se deveria reforçá-lo”.
Sublinhando também o papel determinante dos investigadores e das empresas no desenvolvimento da Região, a deputada afirmou que “sem ciência não há soluções, sem investigação não há progresso, sem dados não há boas políticas públicas. Cortar nestas áreas é cortar no futuro.”
“Só assim teremos uma economia moderna, salários dignos, capacidade de fixar talento e só assim construiremos um futuro de oportunidades para todos. E é isso que este Orçamento, infelizmente, não garante”, concluiu.
Horta, 24 de novembro de 2025
