O Vice-Presidente da bancada socialista, Carlos Silva, sublinhou hoje, na Horta, que os prejuízos acumulados pelo Grupo SATA durante o período entre 2020 e 2024 já ultrapassam os 300 milhões de euros, evidenciando “a gravidade extrema da situação financeira” da transportadora aérea regional e “o fracasso completo” do plano de reestruturação negociado pelo Governo Regional com a Comissão Europeia.

Carlos Silva começou por relembrar que, por solicitação da Assembleia Legislativa, o Tribunal de Contas realizou uma auditoria às contas do Grupo SATA, referente ao período entre 2013 e 2019, sendo importante agora auditar os anos subsequentes e que ainda não foram analisados.

“Face aos prejuízos acumulados, foi realizado e negociado com a Comissão Europeia um Plano de Reestruturação para a SATA, referente ao período entre 2021 e 2025 que agora importar auditar”, recordou.

“Com muita propaganda sobre ‘salvar a SATA’ e pouca fundamentação sobre as decisões negociadas com a Comissão Europeia, rapidamente foram reveladas as contradições do Governo Regional de José Manuel Bolieiro, bem como os prejuízos e os desvios”, disse Carlos Silva, acrescentando que, o ano de 2024 se apresentava como “o ano de equilíbrio das contas do Grupo SATA, com um resultado líquido muito próximo de zero” e que em vez disso, “o prejuízo consolidado foi de 83 milhões de euros, um dos piores de sempre”.

“A cada dia que passa, a SATA perde valor. Mais voos e mais rotas têm significado mais prejuízos, o que condiciona também o desfecho do processo de privatização, que nasceu torto e tem sido conduzido com falta de transparência e rigor”, alertou o deputado.

Carlos Silva criticou ainda as justificações apresentadas pelo Governo Regional para os resultados de 2024 – nomeadamente as condições climatéricas, limitações aeroportuárias e custos com pessoal –, recordando que se tratam de fatores “previsíveis no quadro regular da atividade” e que “deveriam ter sido acautelados” no plano de reestruturação, especialmente quando o atual Presidente do Conselho de Administração da SATA está familiarizado com esses fatores.

O PS/Açores quer garantir, através desta auditoria independente do Tribunal de Contas, um reforço da transparência, do escrutínio e da prestação de contas sobre as opções de gestão da SATA, exigindo igualmente o cumprimento da lei quanto à publicação atempada das contas de 2024 e do primeiro trimestre de 2025, até hoje em falta.

Horta, 10 de julho de 2025