“O ainda presidente da Câmara de Ponta Delgada é arrogante, conflituoso e incapaz de governar em diálogo, preferindo decidir nas costas das pessoas. Persegue a ilusão de resolver problemas com promessas, propaganda e com a mera gestão de expetativas”.
A Assembleia Municipal de Ponta Delgada reuniu esta terça-feira, extraordinariamente, de acordo com Artigo 39º do seu Regimento, com apenas um ponto na sua ordem de trabalhos: “Debate sobre o estado do Município”. Nesta reunião, realizada no Centro Natália Correia na Fajã de Baixo, o Grupo Municipal do PS procedeu, a cerca de três meses das próximas eleições autárquicas, a um balanço preliminar do atual mandato autárquico iniciado na sequência das eleições de 26 de setembro de 2021.
Para o PS, o mandato que agora se aproxima do fim é marcado por falhanços graves e promessas não cumpridas. A começar pela habitação, área em que os preços para comprar ou arrendar casa em Ponta Delgada se tornaram incomportáveis para a maioria da população. Citando dados do INE, os socialistas alertaram para o facto de o concelho registar um dos maiores aumentos do país no preço por metro quadrado, uma realidade agravada pelas políticas do Governo da República que estimularam a procura sem garantir oferta.
Criticaram ainda a “incapacidade gritante” da Câmara em executar os fundos do PRR, lembrando que foram prometidas 759 novas habitações com financiamento a 100% e que, passados quatro anos, não se sabe quantas serão de facto construídas, nem se será necessário devolver parte dos 106 milhões de euros alocados.
Também na área da mobilidade, o PS acusou a maioria de prometer tudo e nada fazer. Referiu a ausência total de execução na rede de SCUT até aos Mosteiros, na construção de centrais de autocarros, no prolongamento da Avenida D. João III ou na prometida central de camionagem nos terrenos da SINAGA. As ciclovias não avançaram, o tarifário dos transportes pouco mudou e a transição energética é simbólica.
Sobre os problemas sociais do concelho, os socialistas denunciaram a degradação da situação de sem-abrigo, indigência e toxicodependência. Segundo números recentes, Ponta Delgada terá já cerca de 200 sem-abrigo e mais de 300 indigentes. O PS considera inaceitável que a resposta da autarquia se concentre na instalação de videovigilância, tratando problemas sociais graves como se fossem casos de polícia.
O abandono das freguesias foi outro dos temas em destaque. Segundo o PS, o investimento direto do município nas 24 freguesias é residual e a maioria dos compromissos assumidos nas presidências abertas nunca foi cumprida. Criticaram também a falta de reabilitação dos polidesportivos cobertos nos Remédios e em Santo António, bem como o incumprimento de transferências prometidas.
No setor da educação, o PS apontou falhanços claros. Das seis escolas previstas para requalificação, apenas uma está em obras, e a sua conclusão não estará a tempo do novo ano letivo.
A tudo isto junta-se, segundo os socialistas, uma “desesperada campanha de autopromoção” do atual presidente da Câmara, com revistas, mupis e eventos pagos pelo orçamento municipal, utilizados para fins pessoais e eleitorais.
Na reta final da sua intervenção, o PS reafirmou o seu compromisso com um projeto político responsável, exigente, dialogante e propositivo, que ouve, respeita e apresenta soluções reais.
“O PS compromete-se a liderar a mudança que está a crescer em Ponta Delgada. Uma mudança de fundo que a maioria dos munícipes já deseja. Só é possível mudar as políticas erradas substituindo os políticos errados”, finalizou o Grupo Municipal socialista.