PS/Terceira alerta para a dificuldade no acesso a cuidados primários de saúde nas freguesias

PS Açores - 30 de agosto, 2022

O Secretariado de Ilha do PS/Terceira lamentou, esta terça-feira, a postura do Secretário Regional da Saúde que, ao não conseguir desmentir a realidade, optou por “atacar e ofender” a Junta de Freguesia da Vila do Porto Judeu quando esta alertou “para a significativa redução da assistência de cuidados de saúde primários”.

Segundo Marília Vargas, do secretariado de ilha do PS/Terceira, a Junta de Freguesia do Porto Judeu relatou dois factos que não foram desmentidos, de que “a Vila tem menos consultas de médicos de família em relação ao que tinha” e de que o executivo da Junta de Freguesia tenta, sem sucesso, “há mais de 20 meses reunir com o Secretário Regional da Saúde para apresentar o problema”.

“Os habitantes do Porto Judeu queixam-se da falta de assistência médica nos cuidados primários de saúde, tendo menos acesso ao médico de família na freguesia, e que o núcleo de saúde familiar que foi anteriormente criado, está a ter menos capacidade de resposta, reduzindo, assim, a proximidade e o acesso à saúde a que a população da freguesia tem direito”, salientou a socialista, para condenar o facto de o responsável pela tutela não se ter dignado, em 20 meses, “a responder às solicitações de reuniões, nem disponibilizado tempo para reunir com os legítimos representantes do povo da Vila do Porto Judeu”.

Referindo ser esta mais uma reação inoportuna do Secretário Regional da Saúde, que procura “agressivamente condicionar quem dá voz ao conhecimento do que se está a passar”, o PS/Terceira lamenta que, ao contrário do prometido, os direitos da população à saúde estejam a piorar dia após dia, manifestando, assim, a sua solidariedade para com o povo da Vila do Porto Judeu perante uma atitude que viola e contraria a promessa de diálogo, proximidade e cooperação deste Governo.

“A cada dia que passa os Açorianos apercebem-se e sentem cada vez mais a arrogância, a falta de diálogo e o ataque a todos os que não aceitam ou que questionam a versão oficial apresentada pelo Governo. É esta a marca deste Governo”, salientou a socialista, para evidenciar a clara diferença entre o que se anuncia e o que efetivamente as pessoas vivem.

“O que acontece no Porto Judeu, infelizmente, está a acontecer em muitas outras freguesias da nossa ilha”, alertou Marília Vargas, para dar como exemplo a falta de médico de família nas freguesias de Posto Santo e da Terra-Chã, a redução do número de vezes com que o médico de família se desloca a Santa Bárbara, ou, inclusive, a falta de resposta ou disponibilidade do Secretário Regional da Saúde para responder às instituições que solicitaram reuniões.

Condenando, assim, o facto de os cuidados de saúde primários terem piorado ou deixado de existir em várias freguesias da ilha, o PS/Terceira questiona o facto desta realidade poder vir a ser “uma intenção do governo para acabar com os núcleos de Medicina Familiar nas freguesias”, que, implementados pelos Governos do PS, constituíram uma grande melhoria na qualidade da prestação dos serviços de saúde.

Mas para Marília Vargas, que falava em conferência de imprensa, na ilha Terceira, não é apenas em relação à falta de médicos de família que os anúncios não correspondem à realidade, mas, também, em relação ao aumento de médicos no Hospital da Ilha Terceira.

“O Relatório de Atividade do Hospital de 2021 contraria os repetidos anúncios do governo. De acordo com o relatório oficial, afinal, o número de médicos não internos estabilizou em 139 em 2021, quando eram 138 em 2020, tornando infundada a propaganda efetuada. Afinal, ao contrário do anunciado, e conforme denunciou o Sindicato dos Enfermeiros, um terço destes profissionais ainda não teve alteração da posição remuneratória, a que têm direito desde 2020. Afinal, ao contrário do anunciado, as dívidas aos fornecedores das Unidades de Saúde Ilha, aumentaram mais 20% no último ano, de acordo com a própria Conta da Região apresentada pelo governo, contrariando a narrativa repetida”, apontou Marília Vargas.

Assim, e segundo a socialista, quando o Secretário Regional da Saúde não consegue culpabilizar ou atacar alguém, limita-se a não responder, como aconteceu, por exemplo, “perante o aumento em 25% da mortalidade, nos primeiros sete meses deste ano”,  ou “quando os doentes oncológicos ficam sem resposta por falta de atendimento e encaminhamento necessário e urgente”, mas também “quando a Direção Clínica de um hospital passa a funcionar só nos dias úteis e das 9h00 às 17h00” ou quando “a SATA não permite a saída das ilhas sem hospital de doentes urgentes, como o caso de uma doente, com três fraturas numa perna que teve de aguardar vários dias para sair da sua ilha”.

Face a esta realidade, o PS/Terceira não pode aceitar que se tente “condicionar a liberdade de expressão, que se ataque ou tente condicionar sistematicamente quem apenas demonstra corajosamente que a realidade que se vive é muito diferente do que alguns anunciam”, manifestando, nesse sentido, continuar a contribuir, de forma determinada e construtiva, “para não permitirmos que complexos de guerras partidárias internas no PSD, ponham em causa o direito de todos os Açorianos a mais e melhor saúde”.