Sócrates eleito com quase 80 por cento dos votos

PS Açores - 25 de setembro, 2004
O presidente da Comissão Organizadora do Congresso (COC) do PS, Vieira da Silva, anunciou que José Sócrates é o novo secretário-geral dos socialistas, quando estão escrutinados 80 por cento do total de votos. Sócrates pediu ajuda a João Soares e Manuel Alegre, e estes felicitaram-no pela vitória.

De acordo com os dados oficiais da COC, com 23 mil e 433 votos contados, José Sócrates obteve 18 mil 437 votos, correspondentes a 78,6 por cento.

Por outro lado, Manuel Alegre obteve para o cargo de secretário-geral 3 mil 903 votos (16,6 por cento). João Soares, por seu turno, ficou em terceiro lugar com 3,9 por cento, correspondentes a 927 votos.

A taxa de participação nas eleições para o cargo de secretário-geral e para os delegados ao congresso do PS, entre os dias 1 e 3 de Outubro, em Guimarães, atingiu os 50 por cento.

Sócrates quer ajuda de outros candidatos

Na primeira declaração política após a sua vitória, o novo secretário-geral do PS, José Sócrates, convidou os seus adversários na corrida à liderança do partido, Manuel Alegre e João Soares, para trabalharem com a sua direcção na construção de uma alternativa política ao Governo.

No discurso, sem direito a perguntas por parte dos jornalistas, o antigo ministro do Ambiente de António Guterres ensaiou o discurso da unidade e prometeu afirmar o PS como «uma alternativa construtiva» ao actual executivo de coligação PSD/CDS-PP.

«A história não se faz apenas dos vencedores e Manuel Alegre e João Soares deram um grande contributo para enriquecer o debate interno do PS. Conto com eles para travar as batalhas do PS e tenho consciência do valor da unidade», disse José Sócrates.

No entanto, Sócrates também deixou um recado ás correntes socialistas que apoiaram as candidaturas de Manuel Alegre e de João Soares à liderança dos socialistas.

«A unidade constrói-se com tolerância, na pluralidade e na recusa de sectarismos. Mas também se constrói nas escolhas que os militantes socialistas fizeram neste acto eleitoral», afirmou.

João Soares reconhece vitória de Sócrates

Entretanto, um dos candidatos à liderança do PS, João Soares, reconheceu a vitória de José Sócrates nas eleições, que terminam este sábado, felicitando-o como o «secretário-geral de todos os socialistas».

Soares, que falou aos jornalistas na sede do Partido Socialista (PS), em Lisboa, referiu que as suas «primeiras palavras são de felicitação em relação a José Sócrates pela sua vitória retumbante para que apontam os resultados» que se conhecem até ao momento.

João Soares aproveitou para desvalorizar a sua derrota, argumentando que «ainda é cedo para resultados finais».

«Em democracia há batalhas que se ganham e batalhas que se perdem. O que tem de grande virtude o sistema democrático é que os resultados são sempre justos e podem sempre ser corrigidos no futuro», declarou João Soares.

O deputado socialista salientou que o partido «estará unido em torno do secretário-geral que vai ser eleito» e manifestou também a sua disponibilidade pessoal para trabalhar com José Sócrates.

«Trabalhei sempre com todas as direcções do PS, independentemente de ter votado ou não no secretário-geral eleito», concluiu.

Manuel Alegre felicita Sócrates

Manuel Alegre, por seu turno, felicitou o novo líder do partido, José Sócrates, embora sem se considerar derrotado e afirmando que este obteve votos feitos por «fidelização e clientelismo».

«Não digo que haja irregularidades, mas há votações que não são normais. Não é normal que haja um distrito em que em há 800 votos num candidato, 68 em mim e um no João Soares, essas coisas são estranhas», declarou Manuel Alegre aos jornalistas, na sede do PS.

«Isso deve-se a situações que é preciso alterar profundamente no PS: fidelizações, clientelismo», acrescentou o candidato, referindo que concorreu «em condições desiguais» na disputa pela liderança do partido.

Manuel Alegre considerou que «em democracia ganha-se ou perde-se» e que obteve «uma grande vitória política» por ter apresentado a sua candidatura, ter chegado até ao final e ter obtido este resultado.

Alegre atribuiu à sua candidatura o mérito pela forte participação dos socialistas nestas eleições, as mais participadas de sempre, ao ter transformado «uma nomeação» num «debate controverso».

«A minha candidatura constituiu um serviço ao PS, à democracia e ao país. Ousámos enfrentar os interesses instalados e apresentámos soluções inovadoras», concluiu Manuel Alegre.


fonte: TSF Online