História e memória
A minha geração nasceu e viveu, até jovens-adultos, no fascismo do Estado Novo. A ditadura controlava e dominava tudo.
Um isqueiro precisava de licença, as mulheres não votavam, funcionários públicos só casavam com autorização do Estado, era proibido ter opinião escrita ou falada contrária ao fascismo, havia censura nos livros, filmes e qualquer criação artística, a polícia política (PIDE) prendia sem culpa formada e havia Tribunais Plenários, os braços da ideologia fascista. Nas prisões políticas, a tortura era um modo de libertar a selvajaria. A guerra colonial era um desígnio de morte anunciada. Mortalidade infantil e analfabetismo eram altíssimos. Esperança de vida baixa. Fome e miséria elevadas. Emigração “facilitada”. As mulheres não viajavam sem autorização do cônjuge. Sindicatos NÃO. Deportações e exílio SIM. O aborto era crime. Portugal desrespeitava a Carta de Direitos Humanos.
Muito mais foi o fascismo. Para os que não o viveram, hoje, alguns aderem a ideias que não percebem até onde chegariam. Bertrand Russel tinha razão: “Primeiro, eles fascinam os néscios. Depois, amordaçam os a inteligência”. O neofascismo assume várias facetas de barbárie e obscurantismo. Desprezam o conhecimento. Só na ignorância se manipula com eficácia. Hoje, após 99 anos do golpe de Estado que iniciou o fascismo português, que ninguém se esqueça desses 48 anos tenebrosos.
Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe
A extrema-direita canibaliza os ressentidos e os excluídos da globalização que unificou e segmentou. Em certo sentido, a Democracia falhou para com eles.
Os Democratas não podem dar tréguas aos “caudilhos” sem escrúpulos que usam a mentira como único discurso e a incompetência como autenticidade! O populismo não é solução, mas é uma forte ilusão para revoltados e marginalizados da vida. PS e AD precisam manter-se como pináculos da Democracia e evitar, por ex., revisões Constitucionais subordinadas à extrema-direita.
Em suma, os democratas precisam cerrar fileiras contra o neofascismo que se insinua com “pezinhos de lã para depois calçar as botas de cadarços” como no Terceiro Reich. Uma Democracia forte e esclarecida requer a resolução rápida de problemas na saúde, educação, habitação e no esbater desigualdades. Regular imigração com humanidade, promover a autoridade do Estado e compatibilizá-la com a liberdade/ segurança dos cidadãos, farão a diferença entre o vazio dos Tik Tok fascistas e a Democracia, Mais energia e dedicação serão a chave para resistirmos a um tempo em que o fascismo entrou em euforia. O tempo urge. Lutar e agir, AGORA!
PS: Não existem razões para questionar a liderança, muito recente, do PS/Açores. À “bravura” para criticar o líder do PS, em eleições nacionais, contrapõe-se a falta de coragem quando nunca se manifestam contra o abismo da Região e as parolagens políticas de Bolieiro, antes das eleições sem ilações regionais para depois confundir resultados do País com “plebiscito” à sua (má) governação…