Opinião

Turismo e Coesão

A recente publicação dos últimos indicadores trimestrais referentes à atividade turística na Região consolidam uma tendência que vem do passado recente, sem que se vislumbre um ponto de inversão.
Em anteriores governos regionais, o turismo era encarado como uma oportunidade de desenvolvimento a ser partilhado por todas as ilhas dos Açores. A promoção externa da Região, os apoios públicos ao investimento privado, a qualificação da oferta nas diferentes ilhas, o modelo de mobilidade aérea e marítima, entre outros aspetos, eram consistentes com esse objetivo. O turismo era uma oportunidade de desenvolvimento e todas as ilhas deviam dele beneficiar.
Infelizmente não é isso que se verifica atualmente. O atual governo regional começou por revogar o sistema de encaminhamentos aéreos interilhas, algo que só deveria ser feito depois de consolidar os destinos, retirando competitividade às ilhas mais periféricas. De seguida embarcou numa precipitada segmentação da promoção turística da Região, subsidiando câmaras de comércio para fazerem campanhas autónomas dedicadas a determinadas ilhas, fora da promoção regional que era realizada anteriormente. Depois criou uma boa medida, a tarifa Açores, mas cometeu o erro de confundir turismo interno com captação de fluxos turísticos externos à região.
Podemos olhar para os números do turismo retendo apenas a realidade de São Miguel ou a perspetiva regional. Porém, analisando a série de indicadores de ilha a realidade é preocupante. Não estamos perante um cenário de ilhas em franca progressão e outras com baixos crescimentos, em que a diferença relativa entre ilhas aumenta num cenário que todos ganham. Não. A realidade revela ilhas a progredir e outras a regredir. São Miguel com turismo a mais na época alta e várias outras ilhas à míngua.
Só olhando para os detalhes é que se compreende que o modelo de desenvolvimento turístico que está a ser implementado nos Açores é errado e está a deixar várias ilhas para trás.