Opinião

Alheados

Na última semana decorreu o plenário de dezembro no Parlamento da Região Autónoma dos Açores. Entre um e outro argumento, com maior, ou menor convicção, a ideia com que se fica é que o Governo Regional dos Açores, e a coligação, que o suporta está completamente alheado da “vida real”, isto é, dos problemas com que se debatem famílias e empresas dos Açores.
Apostados nos números e vangloriando-se deles, como se ignorassem que quem está por detrás de cada número de desempregado ou de beneficiário de Rendimento Social de Inserção, por exemplo, são pessoas de carne e osso, - o discurso é de tal forma desfasado da realidade – que chega a ser confrangedor.
Na semana passada foi capa deste (mesmo) jornal que “a Região lidera consumo de álcool e drogas a nível nacional”; a AHRESP reivindicou apoios para os empresários, alertando para riscos de insolvências; a CCIPDL alertou para um agravamento brutal do preço da energia elétrica, já no ano que vem. Nada se ouviu sobre isto por parte de quem nos governa.
Aos poucos a bancada do Governo no plenário do Parlamento dos Açores foi ficando mais vazia, enquanto ainda se discutiam vários assuntos. No final de 6ª feira restavam dois membros do Governo na sala de plenário. Os anúncios já tinham sido todos feitos. “Menos desempregados. Menos beneficiários do Rendimento Social de Inserção”. Vida que segue. Sempre para mais e melhor…
Que interessa a liderança no consumo de droga e álcool? Faturas da eletricidade a subir? Dificuldades dos empresários? Não sabemos.
A conta de supermercado que sobe? O crédito à habitação? O filho que está a estudar fora e não tem apoio nenhum? A gasolina que sobe sem parar? O emprego que não chega? Os ordenados para pagar? O que é que é tudo isso, afinal, para quem baixou o número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção? À custa de quê?
Alheados da realidade? Totalmente.