Opinião

Educação em desafino

Em contexto de esclarecimentos sobre o Plano e Orçamento para 2022, Região Autónoma dos Açores, pela milionésima nona vez foi perguntado à Sra. Secretária Regional da Educação para onde nos leva, para onde pretende conduzir o Sistema Educativo Regional e de que modo conta fazê-lo. Pela milionésima nona vez foi perguntado à Sra. Secretária Regional da Educação se, por exemplo, o Programa Integrado de Promoção do Sucesso Escolar - ProSucesso, é afinal ou não o nosso Plano Regional para que os alunos da Região continuem na melhoria dos seus resultados, consistentemente, se continua a sê-lo, melhor dizendo, ou se, pelo contrário, está moribundo e sem que haja qualquer vontade de o reanimar. E então, pela milionésima nona vez, ficámos na mesma. É-nos "despejado", uma vez mais, um conjunto de projetos e de medidas avulsas, enchendo o discurso de muita demagogia e de um invariável retorno ao passado, ainda que nenhuma, efetivamente, responda ao questionado. Julgo que, ainda que sem certezas disso, a Sra. Secretária compreende mesmo o que se lhe pergunta, e que perceciona a incontornável importância de transformar um conjunto de projetos em parte integrada de um todo com um propósito claro e a todos bem explicado. Mas não. Aquilo que, na verdade, se perceciona é como que uma orquestra em que cada músico vai tocando a sua própria melodia e o seu suposto maestro, a Secretaria Regional da Educação, nada fazendo para que desses múltiplos esforços - cada uma das escolas açorianas - se produza uma sinfonia harmoniosa. Mais: a Sra. Secretária o que faz é, tão simplesmente, ir dizendo que cada músico toca muitíssimo bem (nunca esquecendo o constante piscar de olho ao eleitorado) e rematando sempre com qualquer expressão, do género, porque afinal de contas ninguém melhor do cada um deles para conhecer as potencialidades de seu instrumento. Ridículo. Não é disto que se trata, Sra. Secretária. A sua função não ir dizendo ora toquem lá o melhor que sabem e, já agora, ao mesmo tempo. A sua função é pôr em prática exatamente aquilo que apenas tem demonstrado incapacidade de o fazer: pôr mais ordem na orquestra, clarificar o papel de cada músico no seu conjunto, tendo a noção e a visão do que afinal é, ou deve ser, produzido por todos, em harmonia.
Não é mesmo só carregar de verba determinada rubrica orçamental para que os objetivos se concretizem. Pois se assim fosse, um Secretário Regional apenas, seria mais do que suficiente para resolver todas as questões e mais algumas da Região Autónoma dos Açores - o das Finanças. Talvez até esse mesmo se dispensaria, nada que um cumpridor contabilista não conseguisse afinal resolver.
Que se harmonize a orquestra, Sra. Secretária, e, já agora, que se não esqueça de fazer uso da tão propagandeada transparência. Pelo futuro dos Açores.