A saída de António Costa da Câmara de Lisboa, em 2015, suscitou apreensão sobre o destino da gestão municipal na capital portuguesa. Fernando Medina, vice-presidente de Costa, assumiu funções com o difícil desafio de se afirmar e de convencer os céticos. Decorridos mais de ano e meio de mandato “a solo”, Medina é hoje um dos grandes presidentes de câmara do País. Quem conhece Lisboa constata que a cidade melhorou muito e está a preparar-se para enfrentar o futuro com confiança e otimismo. O reconhecimento do dinamismo e da visão de Fernando Medina projecta-o para uma vitória quase certa nas próximas autárquicas. A expetativa é tal que personalidades como Santana Lopes e José Eduardo Moniz recusaram o convite do PSD para concorrer à presidência de Lisboa. Por cá, no maior concelho da Região, a situação é bem diferente. Quase três anos e meio após as últimas autárquicas, o Presidente Bolieiro apresenta um desempenho dececionante. É uma sombra do que prometia. O político que assumia compromissos mas não fazia promessas chegará ao fim do mandato com menos de um terço de cumprimento do seu manifesto eleitoral. Em várias entrevistas que concedeu no final de 2016 insistiu que tinha uma “missão” para Ponta Delgada mas foi incapaz de esboçar o que constituía esse projecto para o Concelho. José Boleiro é um homem sério e um político trabalhador com trato cordial. Porém, estes atributos não chegam para se ser um bom presidente de Câmara. Ponta Delgada tem um presidente relações públicas que dá claros sinais de desempenhar um cargo sem ideias, sem qualquer entusiasmo e a contragosto. Falta-lhe o dinamismo, o espírito de liderança, a capacidade de decisão e a visão estratégica necessárias para liderar o maior concelho dos Açores. O seu mandato transformou-se numa sofreguidão. É neste quadro de liderança política frágil e de manifesta decepção da parte de Bolieiro que se deve interpretar a recém anunciada candidatura de Álvaro Dâmaso à Câmara Municipal de Ponta Delgada. Para quem tivesse dúvidas sobre o balanço do mandato de José Boleiro a candidatura do ex-presidente do PSD é absolutamente esclarecedora.